Trabalhadores gregos param contra novo plano de austeridade do governo

Milhares de trabalhadores gregos saíram às ruas nesta quarta-feira (10), dia marcado por uma greve geral, para protestar contra as austeras medidas e privatizações decididas pelo governo, que busca nova ajuda internacional para negociar sua dívida.

A greve é a segunda convocada neste ano pelas duas maiores centrais sindicais do país. Ela ocorre dias antes de o governo apresentar ao Parlamento novas medidas no total de 29 bilhões de euros, prevendo cortes no orçamento e aumentos de impostos para redução do déficit público nos próximos cinco anos.

Por todo o país, escritórios de governos locais e da administração central estão fechados, hospitais e serviços de ambulância operam em serviço de emergência e escolas e universidades estão paralisadas por todo o dia. Os serviços de transporte também têm problemas, com a suspensão na operação de balsas e trens. O transporte público no entorno da Atenas opera com frota reduzida e os voos eram afetados por uma paralisação de quatro horas dos controladores de voos.

Os sindicatos protestam contra as recentes e duras medidas tomadas pelo governo, que decidiu por um aumento das privatizações (15 bilhões de euros anunciados pelo governo em abril), um plano que está sendo avaliado e discutido por representantes dos países credores, da Zona do Euro e do Fundo Monterário Internacional (FMI), todos presentes em Atenas.

“Estamos em greve contra a política aplicada e pelas novas medidas que afetam unicamente os trabalhadores, e não os ricos e os banqueiros, nem todos aqueles que têm causado a crise e que dela se aproveitam”, afirmou à AFP Stathis Anestis, secretário-geral adjunto da GSEE. “Depois de um ano (de ajuda internacional), estamos numa situação ainda pior, o desemprego disparou, os salários estão no seu nível mais baixo e o mais preocupante é que não vemos nenhuma perspectiva de saída da crise”, acrescentou.

 

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Para Héléni Boubouna, de 42 anos, militante de esquerda que trabalha no setor privado, a ajuda concedida pela UE e pelo FMI levou o país a “um colapso”. “Dos 110 bilhões de euros, nada foi investido nas necessidades do povo. A nós só restou pagar os juros da dívida”, acusou.
 
“Não à dilapidação”, traziam algumas faixas carregadas pelos manifestantes, criticando o programa de privatizações que prevê a abertura do capital dos grandes grupos estatais (eletricidade e água, entre outros) para reduzir a dívida que já bateu os 340 bilhões de euros e deve representar cerca de 152% do PIB no final do ano.

As medidas adotadas no ano passado e condicionadas ao empréstimo de 110 bilhões de euros da UE e do FMI agravaram a recessão e levaram a um aumento do desemprego. Também não foram suficientes para restaurar o acesso do país aos mercados, que impuseram juros de mais de 15%.

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Apoio?

Surpreendentemente, agências informam que pesquisa recente mostra que o governo Socialista tem apoio de boa parte da população para essas reformas, ainda que uma segunda pesquisa tenha mostrado que muitos gregos pensam que Atenas deve renegociar os termos do pacote de ajuda recebido.

O jornal Ethnos publicou pesquisa neste mês segundo a qual 67,7% dos gregos pensam que o governo deve prosseguir com as reformas econômicas. Já 63,7% concordam com a necessidade de privatizações e outras medidas para conseguir dinheiro para o orçamento. Em outra questão, 59,7% afirmaram apoiar o fim da estabilidade para os funcionários públicos.

Porém outra pesquisa, da emissora de televisão privada Mega, mostrou nesta semana que 60,3% dos gregos querem uma renegociação no socorro financeiro ao país. Para 26% dos consultados nessa sondagem, a Grécia deve desistir dessa ajuda e abandonar o euro como sua moeda.

Com informações das agências (fotos: O Globo)

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