A direção do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção no Estado da Bahia manifesta-se com grande pesar e preocupação, sobre os acidentes do trabalho que vitimaram sete trabalhadores, sendo que três operários vieram a falecer, em menos de uma semana.
Em 2 de maio, às 17h30, dois operários da MCC Engenharia, José Marcos Conceição dos Santos, 45, pedreiro, e Sandro Nunes Santos, 29, ajudante comum, foram mortos tragicamente em acidente do trabalho, na obra Villa Privilege, da Syene Empreendimentos, quando a cinta de lona que amarrava os ferros se partiu e esses despencaram de uma grua e atingiram três trabalhadores. Um terceiro trabalhador, Carlos Henrique Santos Alves, também sofreu ferimentos graves e encontra-se internado no Hospital Geral do Estado.
Neste acidente, houve falhas que não poderiam ter acontecido, conforme as normas de segurança: os ferros que despencaram estavam amarrados com cinta de “lona”, material que com o tempo é danificado; além disso, a área onde a grua operava deveria ser isolada.
Outros dois acidentes aconteceram nesta terça-feira e demonstram a gravidade da situação. Em Trobogy, na obra Residencial Vila Serena, da RCA Empreendimentos Imobiliários, trabalhadores cavavam uma valeta, quando a terra cedeu e soterrou os operários Adilson Lima Santos e Gabriel das Pombas, ambos com 28 anos. O primeiro foi medicado e liberado e o segundo, até o início da noite, continuava internado no Hospital Ernesto Simões.
No final da tarde de hoje, quando todos pensavam que o dia trágico tinha acabado, houve outro acidente. No Horto Bela Vista uma tábua despencou e atingiu um operário.
Na semana passada, quando em todo o mundo celebrava-se o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, em 28 de abril, uma triste notícia abateu os trabalhadores. O eletricista de linha viva da empresa Eletec, Gilson da Silva Santos, 41 anos, natural de Tocantins, sofreu uma descarga elétrica e morreu, ao meio dia, quando executava serviço de linha viva, na Avenida Jorge Amado.
A direção do sintracom-ba solidariza-se com os parentes, colegas de trabalho e amigos das vítimas e lembra que se as normas de segurança fossem seguidas, com investimentos em equipamentos de segurança adequados e treinamento constante dos empregados pelas empresas, muitos acidentes não ocorreriam e muitas vidas seriam poupadas.
A construção civil é um dos setores onde mais ocorrem acidentes do trabalho no Brasil. Até 1964, o trabalho na construção era considerado atividade perigosa. Esse direito foi retirado da categoria, embora todos saibam que a vida de um operário na construção é um exercício quase que diário de sobreviver aos riscos. As tragédias que se repetem com frequência, comprovam isso, ceifando as vidas de nossos companheiros e companheiras de trabalho e deixando muitas famílias na dor.
Há dois projetos de lei, nº 6075/05, do deputado Vicentinho (PT-SP), e nº 1246/03, do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) que pretendem resgatar esse direito.
José Ribeiro, presidente do Sintracom-BA, ressalta que os operários da construção trabalham para viver e não para morrer. A categoria luta pelo reconhecimento do trabalho na construção como atividade perigosa, diz e cobra responsabilidade dos empresários com a vida e a saúde dos trabalhadores.
Fonte: Sintracom-BA