Professores de Minas suspendem greve e comemoram vitória

Em assembleia nesta terça-feira (29/3), na Faculdade de Medicina da UFMG, os professores da rede privada de Belo Horizonte decidiram suspender a greve, iniciada em 22 de março. A assembleia terminou em clima de emoção e comemoração.

Os professores aprovaram a proposta mediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em audiência na manhã desta sexta, que prevê reajuste salarial de 8%, renovação da atual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), com retroatividade a 1o de fevereiro, e criação de uma comissão intersindical para, num prazo de 90 dias, tratar dos temas: equiparação dos pisos da educação infantil, regulamentação da educação a distância, seguro de vida, mudança da data-base e vigência da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Na reunião no Ministério Público do Trabalho (MPT), o sindicato patronal assumiu o compromisso de, caso a comissão não chegue a um consenso durante os 90 dias, aceitar que o órgão assuma o papel de mediador. Também foi mantida a garantia de salários por 120 dias a cada semestre – com exceção dos demitidos entre 1o e 15 de fevereiro.

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“A categoria respondeu de forma efetiva, deu uma aula de cidadania e está de parabéns. Houve um ganho incalculável em termos de aumento da capacidade de mobilização, de resistência e de organização. Inúmeros professores também se conscientizaram da necessidade de se unirem e lutarem por seus direitos. Estamos diante de um cenário de crescente conscientização e, em função de tudo isso, estaremos muito mais fortes nas próximas negociações em torno de conquistas dos professores e de uma educação de qualidade para todos”, afirmou Gilson Reis, presidente do Sinpro Minas.  

Ele destacou que a mobilização, com greve e manifestações, fez com que o patronal “repensasse a relação com a categoria”. “Com nossa força, mostramos que exigimos respeito e temos dignidade”.

Durante a assembleia, os docentes agradeceram as mensagens de apoio de pais e alunos, enviadas ao sindicato. Estudantes do 3º ano do ensino médio do Colégio Marista Dom Silvério chegaram a encaminhar uma carta à direção da escola, reivindicando a valorização dos professores.

“Chama da utopia”

A categoria prestou uma homenagem a todos os que aderiram ao movimento, aplaudindo-os de pé. Foram oito dias de greve e um de paralisação, em 16 de março. “Foi uma caminhada com muitos obstáculos no caminho, mas vitoriosa”, avaliou Celina Arêas, diretora do Sinpro Minas.

A paralisação atingiu parcial ou integralmente mais de 60% das principais escolas de Belo Horizonte e região, como Marista Dom Silvério, Colégio Arnaldo, Frei Orlando, Padre Eustáquio, Efigênia Vidigal, Colégio Batista, Imaculada, Libertas, Magnum (Nova Floresta), Pitágoras (Raja Gabáglia), Nossa Senhora das Dores, Pio XII, Sagrado Coração de Maria, Izabela Hendrix, São José Operário, Escola da Serra, Padre Machado, Santa Dorotéia, Uni-BH, Fumec, Newton Paiva, Universo, Rubens Romanelli, Unifem (Sete Lagoas), Curso Alfa (Divinópolis), São Francisco de Assis, entre outras.

“Vamos manter acesa a chama da utopia”, convocou um docente. “Conseguimos, nesta campanha, deixar claro que quem estava sendo intransigente o tempo todo eram os donos de escolas. Estávamos dispostos a negociar, mas eles se recusaram a entender as nossas necessidades de valorização”, afirmou um professor, após a assembleia, que lotou o auditório da Faculdade de Medicina da UFMG.

A diretoria do Sinpro Minas voltou a repudiar a pressão e as ameaças feitas aos professores e falou da necessidade de mobilização diante da emenda 45, que leva a Justiça do Trabalho a não julgar os dissídios coletivos quando não há acordo entre as partes. Com isso, muitas categorias profissionais ficam sem direitos previstos em Convenções Coletivas de Trabalho (CCTs).

O diretor do sindicato, Aerton Silva, ressaltou que a campanha reivindicatória deste ano ainda não terminou, já que a comissão intersindical precisa decidir sobre os cinco pontos pendentes. “Na verdade, estamos apenas começando mais uma caminhada, que é longa, em torno da educação de qualidade, da valorização dos professores e contra a mercantilização da educação”, destacou.

A assembleia também aprovou a criação de uma comissão para verificar as denúncias de assédio moral e substituição de professores durante a greve. Conforme o acordo com o Sinep/MG, as faltas serão abonadas e o calendário de reposição será estabelecido diretamente entre os professores e as escolas.

Fonte: Sinpro MG

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