Construção civil chinesa começa a se expandir para outras regiões do planeta

Os grandes destaques chineses das obras públicas vêm se impondo no exterior. As firmas estatais do setor da construção civil, outrora desconhecidas, estão emergindo na condição de competidores inevitáveis em leilões de licitações, constata o Boston Consulting Group (BCG).

É o caso da Companhia Estatal de Construção e de Engenharia (CECI), que registrou, em 2010, um faturamento de 37,7 bilhões de euros, um crescimento de 27% em um ano. Sua ascensão se distingue por mais de 5 mil projetos lançados em uma centena de países, “com uma presença significativa na África do Norte, nos Emirados Árabes Unidos, na Índia e nos Estados Unidos”.

Claro, o grupo está somente na sexta posição na lista dos principais contratantes mundiais feita pelo site americano Engineering News Record. Mas entre os cinco à sua frente, dois são franceses – Vinci e Bouygues – e os outros três também são chineses e têm um mesmo acionista: o Estado.

Três fatores explicam esse sucesso, segundo o BCG: o baixo custo, a experiência e o talento adquiridos em projetos nacionais de infraestrutura e o apoio diplomático e financeiro de Pequim e de bancos públicos.

A emergência desses concorrentes chineses certamente vem alarmando os ocidentais. Um cabo diplomático transmitido pelo encarregado de negócios da embaixada americana em Nassau ao Departamento de Estado, no dia 15 de setembro de 2009, menciona essa proximidade entre a CECI, o banco público de importação-exportação e a rede diplomática.

A visita do presidente da Assembleia Nacional Popular, Wu Bangguo, alguns dias antes, foi a oportunidade para assinar contratos “exemplares da maneira como a China e as Bahamas transformaram a crise financeira em uma oportunidade de ouro de cooperação”. Em dois acordos, o Exim Bank of China investia US$ 99 milhões (cerca de R$ 165 milhões) na construção de um hotel-cassino e prometia US$ 2,7 bilhões em empréstimos, enquanto a companhia de construção conseguia o contrato de execução das obras.

Do ponto de vista americano, as Bahamas “estariam se endividando em razão dos interesses chineses pelos próximos anos”. No entanto, isso não impediu a CECI de vencer uma licitação de US$ 94 milhões para a ventilação do metrô de Nova York, uma outra de US$ 407 milhões para a restauração da ponte Hamilton, que liga Manhattan ao Bronx, nem a de um cassino em Atlantic City (Nova Jersey) por US$ 1,3 bilhão.

Menos fácil na Europa

Mas a conquista das rotas europeias se revela mais difícil. Uma empresa pública chinesa concorrente, a Covec, pode ter vencido a licitação para um trecho da autoestrada que ligará Varsóvia a Berlim em 2012, mas a CECI vem encontrando dificuldades para se impor na Eslováquia, em um projeto de autoestrada que lhe abriria o mercado europeu.

O jornal “China Daily” associa essas dificuldades às declarações feitas pelo ministro eslovaco dos Transportes, que considerou “improvável” um sucesso chinês como esse no Leste Europeu. O diário oficial anglófono retoma, então, um argumento muitas vezes lançado contra a China, vendo ali o “reflexo de um sentimento protecionista prevalente por toda a Europa”.

Fonte: Le Monde

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