Série aborda tentativas de criar indústria do cinema brasileiro

Quem tem menos de 30 anos deve achar que a discussão acerca de uma possível indústria do cinema brasileiro é recente, fomentada pela “Retomada” ou por sucessos pontuais de bilheteria. Por isso, a série Luz e Ação: Quase Fomos o que Queremos Ser, que começa a ser exibida nesta quarta-feira (12/1), às 21h, pelo Canal Brasil, é oportuna ao mostrar o que há de cíclico nessa discussão

São três episódios dedicados à criação da Difilme (1965), empresa com 11 sócios que conseguiu colocar no mercado as produções do Cinema Novo, a Embrafilme (1969), capítulo mais conhecido do cinema brasileiro no quesito “indústria”, e a Cooperativa do Cinema Brasileiro (1978). Como defendem os diretores da série, Maurice Capovilla e Marília Alvim, “nas décadas de 60 e 70, o cinema brasileiro teve três momentos históricos para se inserir de forma orgânica no mercado cinematográfico e tornar-se uma indústria”.

O primeiro episódio coloca uma interrogação complicada: “O que deu certo e o que não deu certo no cinema brasileiro?”. Basicamente, temos bons filmes, mas não um sistema de produção que permite chamar o cinema brasileiro de indústria. Produz-se, em média, 80 longas-metragens, mas uma porcentagem minúscula é lançada de forma adequada ou consegue permanecer em cartaz tempo suficiente para encontrar seu público.

Traduzindo, a distribuição é o gargalo. Quer dizer, faz muito tempo que colocar os filmes de maneira apropriada no mercado é um problema. Por isso surgiu a Difilme, “para abrir uma brecha em um dos elos da cadeia”, como ilustra o depoimento de Luiz Carlos Barreto.

Luz e Ação: Quase Fomos o que Queremos Ser ilustra o momento de criação da Difilme, anos 60, período de aquecimento cultural e surgimento de cineastas comprometidos com, além de fazer bons filmes, discutir o Brasil e o próprio cinema nacional. O surgimento da Difilme é glorioso, bem diferente da cisão. Uns apontam a distribuição desigual de recursos, outros o adiamento para produzir alguns filmes ou o individualismo. Seja por uma razão ou outra, acabou.

Nos próximos dois episódios, Capovilla e Alvim enfrentam dois desafios: conseguir agrupar esses três momentos – Difilme, Embrafilme e Cooperativa do Cinema Brasileiro – para dar ao espectador um panorama geral, não apenas localizado, das tentativas de estabelecer uma indústria de cinema aqui, mas principalmente fazer com que Luz e Ação não seja apenas um documento do passado, mas um instrumento para pensar sobre o momento atual do cinema brasileiro e como podemos resolver as principais questões – entre elas, a distribuição.

Serviço
O que: Luz e Ação: Quase Fomos o que Queremos Ser, de Maurice Capovilla e Marília Alvim
Quando: nas próximas três quartas-feiras, às 21h
Onde: Canal Brasil

Fonte: Vermelho

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