Cuidado com a fetichização da banda larga. O que interessa é a Ley de Medios

O Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé organizou ontem, no Sindicato dos Jornalistas, em São Paulo, evento para discutir o lançamento do “Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil”.

Trata-se de importante publicação do IPEA, em três volumes, realizado sob a batuta do presidente do IPEA, Marcio Pochmann e Daniel Castro, que ali falaram sobre essa iniciativa que compensou o fato de em 46 anos de existência o IPEA não ter produzido uma linha sobre a indústria da Comunicação no Brasil.

Por que será, amigo navegante ?

Evento transformou-se, na verdade, numa aula magna do professor Fábio Konder Comparato sobre a necessidade de se instalar na agenda política do país a discussão sobre a Comunicação.

Comparato explicou as duas ADOs (Ações por Omissão) que o Supremo Tribunal Federal aceitou julgar.

As ADOs são para condenar “por omissão” o Congresso que, desde 1988, não regulamenta os artigos da Constituição que tratam da Comunicação (por medo da Globo).

São artigos que asseguram o direito de resposta – suprimido pela extinção da Lei de Imprensa.

Trata da proibição do monopólio (como o da Globo).

Que proíbe programas que façam mal à sociedade e à saúde do povo.

Que estimulam a produção independente e a regionalização.

Comparato conclamou a plateia – cerca de 150 pessoas presentes e outras 150 na internet – para manter a questão na agenda política do país, de forma permanente.

Ali presente, este modesto blogueiro ficou a pensar: por que um deputado do PT não sobe à tribuna e defende as ADOs do Comparato ?

Por que a Senadora Martha Suplicy, futura líder do Governo no Senado, não faz o mesmo ?

Ou o Senador Suplicy, que levou um pito do Lula por bajular a Globo, na festa da Carta Capital ?

Por que o Suplicy não sobe à tribuna, defende as ADOs do Comparato, e se redime do pito ?

Este ansioso blogueiro tem a certeza de que uma deputada da fibra de Luiza Erundina vai fazer isso antes de qualquer petista.

Este ansioso blogueiro, ali presente, resumiu sua modesta participação a ler em voz alta o que já tinha escrito neste ansioso blog: “Paulo Bernardo até que ia bem, mas está com medo da Globo”.

Além disso, este ansioso blogueiro achou relevante advertir para o perigo da fetichização da banda larga.

O Ministro Paulo Bernardo dá a impressão de que a banda larga é uma espécie de óleo de jurubeba.

Cura dor de corno, azia, má digestão, prisão de ventre e frieira.

Da mesma forma, os blogueiros sujos podem cair na armadilha.

Dê-me a banda larga que a democratização estará feita.

Este ansioso blogueiro lembrou que a  banda larga é o trilho.

As ADOs do Comparato e a Ley de Medios são a carga do  trem.

Quanto mais longe for o trilho, melhor.

Desde que o trilho leve um trem que tenha dentro a democracia.

Se o trilho conduzir um vagão cheio de Nelson Johnbim, não me interessa.

A propósito: o grande Ministro Gilberto Gil tem uma música que enaltece os poderes mágicos do óleo de jurubeba.

Paulo Henrique Amorim

 

Reproduzido do site Conversa Afiada

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