Trabalhadores portugueses dos setores público e privado devem responder em massa nesta quarta-feira (24) a uma convocação de greve geral feita pelas duas principais centrais sindicais do país, unidas pela primeira vez em 20 anos para denunciar as medidas de austeridade impostas pelo governo sob pressão dos mercados.
Após os importantes movimentos sociais vividos por Grécia, Espanha e França, agora será a vez de Portugal, onde os sindicatos esperam “a maior greve da história” do país.
A greve tem como alvo as medidas do governo tomadas para reconquistar a confiança dos mercados. Incluem a redução de até 10% dos salários dos funcionários públicos (variando conforme o salário), o congelamento das aposentadorias, a redução de apoios sociais (auxílio-maternidade e apoio aos carentes) e regras mais duras para quem recebe o seguro-desemprego. “Nós somos a favor da redução do déficit, mas não como objetivo central. Acreditamos que o primeiro objetivo deve ser o de criar riqueza e emprego”, afirma João Proença, secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores.
Para Proença, a greve não vai alterar a percepção que os mercados têm sobre a capacidade de Portugal pagar suas dívidas. “Não são as greves que conduzem à menor confiança dos mercados financeiros. O que conduz à menor confiança são as políticas erradas, que conduzem à grande insatisfação social que gera os conflitos”, disse.
Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, considera que não deve haver receio do que os mercados possam pensar sobre a greve. “Estamos perante processos de agiotagem internacional e interna. Não há agiota que pare a agiotagem pela submissão das vítimas”, disse.
A última greve geral de Portugal ocorreu em maio de 2007 e foi organizada apenas pela CGTP, ligada ao Partido Comunista, para protestar contra a política de ajuste realizada pelo primeiro governo de Sócrates.
O líder dos sindicatos europeus, o britânico John Monks, chegou na segunda-feira a Lisboa para “ajudar na preparação” da manifestação e previu “muita agitação e greves gerais nos próximos meses” na Europa.
Afetado por um crescimento frágil nos últimos anos, Portugal possui uma dívida pública de 161 bilhões de euros (cerca de 220 bilhões de dólares), ou seja, mais de 82% de seu PIB.
Com agências