São Paulo perde participação no Produto Interno Bruto

Aumento dos investimentos no Nordeste, crescimento da agropecuária e guerra fiscal são apontados pelo IBGE como fatores para redução de disparidades

O estado de São Paulo perdeu participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, mas ainda detém 33,1% das riquezas nacionais. A agropecuária puxou o crescimento de vários estados de Norte e Nordeste, mas a redução das disparidades econômicas regionais se deu com mais força de 1995 a 2002 do que de 2002 a 2008.

A síntese da pesquisa Contas Regionais do Brasil, divulgada nesta quarta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o Piauí é o estado que mais cresceu no Brasil em 2008, com expansão de 8,8% na comparação com o ano anterior. Ceará (8,5%), Goiás (8,0%), Mato Grosso (7,9%), Espírito Santo (7,8%) e Roraima (7,6%) vêm a seguir na lista dos maiores crescimentos, o que indica, em linhas gerais, melhores possibilidades para estados pobres em relação ao que se via na década de 1990. A expansão da agropecuária e o bom momento do mercado mundial de commodities ajudaram algumas unidades da federação, o que contribuiu para reduzir algumas das disparidades.

O Centro-Oeste, que tinha 8,8% do PIB nacional em 2002, chegou a 9,2% em 2008. O Norte, incentivado também pela indústria extrativista mineral, chegou a 5,1% da economia, 0,4 ponto percentual a mais que o registrado em 2002. O Nordeste, apesar do crescimento em termos absolutos, viu sua participação relativa no PIB crescer apenas 0,1 ponto, chegando a 13,1% em 2008. O Sudeste perdeu 0,7 ponto no período, mas ainda controla 56% das riquezas nacionais, seguido pelo Sul, que também teve redução na participação total, controlando agora 16,6% do PIB.

“A tendência é que esses estados continuem a desenvolver suas economias, fatalmente ganhando participação no PIB”, avalia Alessandra Soares Poça, da Diretoria de Pesquisas do IBGE. Há exemplos bastante claros de estados impulsionados pela agropecuária. O caso notório é o de Mato Grosso, que cresceu 128% entre 1995 e 2008, quase três vezes a média nacional para o período (47%). Rondônia, que passou a abrigar frentes de expansão agrícola, teve crescimento de 71,3% nestes treze anos.

Distâncias

São Paulo, a maior economia brasileira, perdeu, de 1995 a 2008, em participação no PIB. A queda foi de 37,3% para 33,1%. Pela primeira vez, a participação somada de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná se iguala à paulista, que é também alcançada pela primeira vez pelos demais 22 estados.

Alessandra Soares, do IBGE, indica que há um conjunto de motivos para o recuo relativo de São Paulo. “Muito se deve ao desenvolvimento das próprias economias dos demais estados. Há indústrias que migraram devido à guerra fiscal, mas não se pode atribuir simplesmente a isso. Há avanço da fronteira agrícola no Norte e no Centro-Oeste, o que atrai parte da indústria alimentar.”
A queda mais forte se deu na indústria de São Paulo, que recuou de 44,4% do total do setor para 33,9%. Ao mesmo tempo, o Rio de Janeiro, impulsionado pelo petróleo, aumentou sua fatia de 8% para 12,7%, retomando a condição de segundo parque industrial brasileiro em termos de valor, acima de Minas Gerais, que também cresceu, mas ficou com 11% do total.

Em termos gerais, Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, somados, chegaram a 44% do PIB nacional, contra 40,9% registrado em 1995. Apesar da diminuição da distância em relação ao Sudeste, o ritmo desta redução no período 2002-2008 é inferior ao registrado entre 1995 e 2002.

No primeiro período analisado pelo IBGE, Norte e Nordeste cresceram, respectivamente, 30,1% e 15,5%, contra 10,5% do Sudeste. No segundo período, entre 2002 e 2008, os avanços foram de 39,8% e 31,5%, contra 27,3% no Sudeste.  A explicação é que, embora o crescimento econômico dos últimos anos tenha beneficiado mais as regiões pobres, a expansão atingiu todo o país.

Fonte: Brasil Atual

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