Lula define como “burrice” tentativa de golpe no Equador

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou veementemente nesta sexta-feira (1º) a tentativa de golpe de Estado no Equador. Ontem, o país viveu um caos depois que centenas de policiais e militares foram às ruas em violentos protestos e chegaram a fechar a pista do aeroporto internacional de Quito. Duas pessoas morreram – entre elas um policial e um civil. Outras 50 pessoas ficaram feridas, além de 27 soldados.

“Esse tipo de tentativa de derrubar presidente eleito não é correto, a polícia jogar bomba em presidente é menos correto ainda”, disse Lula a jornalistas após participar de um evento em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. “Não existe no mundo ninguém que concorde com golpe. Os golpistas do Equador já devem estar arrependidos da burrice que fizeram”, acrescentou o presidente.

“No próximo domingo, nós vamos dar uma demonstração do que é a democracia, [mostrar] que presidente eleito deve ser respeitado”, disse ainda Lula, referindo-se às eleições presidenciais do próximo dia 3.

De acordo com o presidente, o embaixador do Brasil no Equador, Fernando Simas Magalhães, esteve no hospital onde Correa ficou internado, mas não conseguiu falar com o presidente equatoriano. Lula conversou ontem com Correa por telefone e diz que irá tentar ligar novamente para saber como ele está.

O presidente Rafael Correa permaneceu isolado por quase 12 horas em um hospital da polícia em Quito. Na noite de quinta-feira, o Exército do Equador realizou uma operação de resgate, que foi transmitida ao vivo por canais de TV internacionais. Houve troca de tiros com os policiais rebelados, que impediam a saída do presidente do local.
Em discurso após ser resgatado, Correa afirmou que fará uma “limpeza profunda na polícia nacional” e que “não haverá perdão, nem esquecimentos”.

Os militares conseguiram romper o bloqueio e entrar no prédio. Correa foi retirado, vestindo uma máscara antigás e um capacete, e sentado em uma cadeira de rodas devido à cirurgia que fez no joelho há pouco mais de uma semana. O carro que o transportou até o palácio foi atingido por quatro disparos de fuzil, segundo a agência local Andes. O presidente foi levado ao palácio do governo, sob forte escolta militar, onde foi recebido por ministros e iniciou longo discurso para centenas de populares que se aglomeram com bandeiras nas cores do país.

Renúncia

O chefe de polícia do Equador, Freddy Martinez, oficializou publicamente sua renúncia nesta sexta-feira, após uma rebelião de policiais ter levado o país ao caos ontem. Segundo a imprensa oficial equatoriana, Martinez será substituído interinamente pelo general Floresmilo Ruiz.

“Um comandante que foi agredido e desrespeitado por seus subalternos não pode seguir à frente da instituição”, disse Martinez, segundo a agência de notícias Andes. Ele disse suspeitar que havia pessoas infiltradas nos protestos de policiais. “Temo que possivelmente houve infiltração de gente interessada em desestabilizar a polícia”, acusou. Esclareceu ainda que apenas uma minoria participou dos protestos, pois a instituição tem mais de 40 mil agentes.

“Ontem foi um dia lamentável, crítico, caótico. Houve desordem por toda a parte, se desrespeitou o comandante geral, o ministro do Interior e, como se fosse pouco, o presidente da República. Os policiais, que têm o dever de manter a ordem e a tranquilidade dos cidadãos, ontem provocaram desordem”, disse o chefe de polícia. Martínez defendeu o direito de a polícia apresentar reclamações, mas disse que “erraram o caminho”.

“Que minha saída sirva para que as pessoas que queriam subverter a tranquilidades dos policiais não encontre apoio nesse caminho, simplesmente para que as coisas voltem a seu curso normal e os policiais voltem a trabalhar”, disse.

Com agências

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