Chile, 200 anos: Para indígenas e movimentos sociais, não há o que comemorar

Neste sábado (18), o Chile completa 200 anos do início do processo de independência. Para organizações sociais e indígenas do Chile, no entanto, não há nada para se comemorar. Na contramão das celebrações promovidas pelo governo, povos mapuche e movimentos da sociedade civil organizada divulgaram ao longo desta semana manifestos e ações contra o Bicentenário chileno.

“Nada para celebrar”. É com essa frase que os manifestantes tentam chamar atenção da sociedade para a exploração ainda presente no país. “200 anos de violência, colonialismo, destruição, desigualdade”, enumeram, denunciando a permanência da pobreza e da exclusão social no Chile.

Por conta disso, diversos manifestos convocam a população para aproveitar o Bicentenário para realizar uma “contra-campanha” cidadã e apontar a exclusão de pessoas que, desde o passado, vivem nessa situação.

“Há quem hoje está em perigo de morte, referimo-nos aos 34 grevistas Mapuche presos nas prisões de Chile; há 33 pessoas que hoje estão em uma mina e não em suas casas com seus filhos, com suas famílias; há quem hoje não tem um teto e vive em acampamento, que está por ser pobre ou pelo terremoto, não importa a causa, só que existe. Há quem hoje não tem salário digno e, pior que isso, há 700.000 pessoas cessantes que hoje não têm emprego nem salário. Hoje há centenas de famílias a quem lhes negam o sustento diário, um exemplo, os comerciantes ambulantes de Temuco”, lembram.

Para as organizações, essas são algumas das pessoas que, em 200 anos, não conseguiram mudar seu destino e, consequentemente, não têm o que comemorar. Ao invés de utilizar a data do bicentenário para celebrar, os movimentos sociais querem mostrar que ainda há muito para mudar no país.

“É um chamado à consciência social; à preocupação pela vida, pela cultura dos Povos Originários, por trabalho e salários dignos para trabalhadoras, operários e empregados, por condições cada vez mais justas para as mulheres, para denunciar a exploração irracional dos recursos naturais por parte de empresas e empresários sem consciência e sem escrúpulos”, ressaltam.

Os manifestantes aproveitam ainda as ações contra as celebrações do bicentenário chileno para demandar, entre outros pontos: derrogação da lei antiterrorista, liberdade e juízo justo a todos os presos políticos mapuche; devolução do território mapuche ocupado por empresas e particulares com patrimônio do Estado; e fim da militarização de comunidades, lagos e costa marinha pertencentes aos mapuche.

Fonte: Agência Adital

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