O presidente sul-africano Jacob Zuma instruiu nesta semana os ministros da área do funcionalismo e das empresas públicas para que regressem à mesa das negociações com os sindicatos que decretaram uma greve do setor público há 13 dias.
Segundo o porta-voz da Presidência Zizi Kodwa, Jacob Zuma está particularmente preocupado com a situação de milhões de estudantes, sem aulas há 13 dias, quando se aproximam os exames de final do ano, num ano letivo em que as escolas encerraram durante um mês durante o Mundial de futebol, entre 11 de junho e 11 de julho.
O aumento da oferta do governo dos atuais 7% de aumentos salariais e 700 randes (77 euros) de subsídio de habitação revela-se um elemento crucial para convencer os sindicatos a porem fim à paralisação de mais de 1,5 milhão de funcionários públicos.
Os sindicatos exigem 8,6% de aumentos salariais, mil randes (112 euros) de subsídio de habitação e melhorias noutras condições contratuais, sendo neste momento extremamente tensas as relações entre sindicatos e governo.
A greve, que tem gerado outras paralisações, também no sector privado, algumas em solidariedade com os funcionários públicos,
é também indicativa, segundo analistas sul-africanos, do crescente mal-estar entre a liderança do partido no poder (o Congresso Nacional Africano ou CNA) e os seus parceiros da coligação governamental, designadamente a central sindical COSATU.
No final da semana passado, o secretário-geral da COSATU, Zwelinzima Vavi, acusou os membros do governo e gestores públicos nomeados pela administração de se comportarem como “hienas que se alimentam em frenesi dos recursos do Estado”.
Vavi denunciou negócios nos quais amigos e familiares do presidente são contemplados com milhões de randes em ações de empresas privadas ao abrigo da política governamental de “black empowerment”, que tem por objetivo transferir parte do poder económico para a maioria negra, mas que é encarada de forma generalizadas como uma forma de enriquecer uma pequena elite ligada ao CNA.
Mais 0,5%
Um porta-voz do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Nehawu) admitiu na tarde desta terça-feira (31) que os seus membros se sentem “encorajados” pela nova proposta do governo (7,5% de aumento) e que “anseiam por voltar a servir o público”, enquanto
o secretário-geral do Sindicato Democrático dos Professores (Sadtu), Kkosana Dolopi, afirmou que as 600 estruturas locais do sindicato estão “estudando” a proposta, devendo ter uma resposta pronta em breve.
Por seu turno, a Associação dos Funcionários Públicos (PSA), que não é filiada à central sindical COSATU, que deu início ao movimento grevista, afirmou através de um porta-voz que os seus 210 mil membros estão ansiosos por resolver a disputa laboral.
O ministro das Empresas Públicas e representantes sindicais deverão se reunir ainda nesta quarta feira, para discutirem a resposta dos sindicatos à proposta do governo.
Com agências
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