Uma greve geral paralisou o Panamá durante a última terça-feira (13). A mobilização foi parte das atividades articuladas por movimentos sociais e trabalhistas para pressionar o Governo de Ricardo Martinelli pela derrogação da Lei 30, mecanismo que fere os direitos humanos e trabalhistas da população panamenha e vulnera o meio ambiente. Apesar de ter acontecido sob um clima de repressão, a mobilização geral foi considerada realizada com êxito.
Segundo informações cedidas pela Coordenadora Nacional de Luta pelo Respeito à Vida e Dignidade do Povo durante coletiva de imprensa, a greve geral recebeu a adesão de 80% do setor educativo, de 90% da Universidade do Panamá e de 95% das organizações que formam a Coordenação de Luta. Em setores como o agrícola e o comercial, os trabalhadores realizaram duas paralisações de duas horas.
A população em geral também esteve envolvida na luta. Vários pais deixaram de lado os pedidos da ministra da Educação Lucy Molinar e não levaram seus filhos para a escola. Também houve pouca movimentação no comércio e nas ruas, já que muitas pessoas permaneceram em suas casas.
Nas cidades de Colón, Santiago, Penonomé, David e La Chorrera foram realizadas marchas. Os estudantes universitários também se envolveram na luta e fecharam várias vias adjacentes ao campus central da Universidade do Panamá. Segundo a Coordenadora de Luta, funcionários da Coca-Cola, Caixa de Seguro Social, Cimento Panamá e Estrella Azul também realizaram ações de protesto pela queda da Lei 30.
Após as manifestações, Gabriel Castillo, secretário geral da Confederação Nacional de Unidade Sindical Independente (Conusi) informou à Telesul que se organizará outra “jornada de luta porque não se vai desistir até que se consiga derrogar a Lei 30 e se consiga as condições para discuti-la em sua totalidade”.
Até o momento, a vitória conseguida pelos trabalhadores foi um acordo parcial firmado entre dirigentes do Conselho Nacional dos Trabalhadores Organizados (Conato) e o Governo para colocar fim à greve na cidade de Boca Del Toro. O acordo, que ainda será aprovado, suspende por 90 dias os artigos 12, 13 e 14 da Lei 30, referentes ao Código de Trabalho.
A iniciativa não agradou grande parte dos trabalhadores e cidadãos bocatorenhos, já que o objetivo maior é a derrogação da lei em sua totalidade. De acordo com a Coordenadora de Luta, a intenção do Governo era conseguir fechar um acordo antes do dia 13, data da greve geral, para assim “desmobilizar e criar confusão”.
Durante a coletiva de imprensa, os dirigentes da Coordenadora de Luta também informaram que se procederá contra as autoridades que ordenaram a prisão ilegal de 28 trabalhadores detidos por solidarizar-se com seus companheiros. As lideranças exigiram ainda que as autoridades se responsabilizem pelos assassinatos em Bocas Del Toro e pelos feridos, já que grande parte corre o risco de ficar cego.
O país está em clima tenso e as mobilizações só terão fim quando o presidente Ricardo Martinelli decidir por derrogar a “Lei Chorizo”. Segundo informações de Madelein García, enviada especial da Telesul ao Panamá, desde segunda-feira (12) foram liberadas cerca de 200 pessoas presas por manifestar-se contra o Governo.
Amanhã (15), a Coordenadora de Luta realizará uma concentração em Frente à Corte Suprema de Justiça. No sábado (17), os dirigentes sindicais se reunirão na Universidade do Panamá a fim de planejar novas ações para a derrubada da Lei e determinar a data para a realização de uma nova greve geral.
Com informações da Agência Adital