José Saramago morreu na manhã desta sexta-feira (18), aos 87 anos, em sua casa na cidade de Tías, Lanzarote, na Espanha.
Segundo informações de seu site oficial, o autor foi vítima de uma múltipla falha orgânica, após prolongada doença.
Saramago nasceu em 1922, na província do Ribatejo, em Portugal. Ele foi obrigado a interromper os estudos por causa de dificuldades econômicas. Essa situação o levou a trabalhar como serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras profissões.
Seu primeiro livro (“Terra do Pecado”) foi publicado em 1947. Só em 1976, ele conseguiu realizar o sonho de todo escritor: viver exclusivamente da literatura, primeiro como tradutor, depois como autor.
A popularidade internacional veio em 1982, com “Memorial do Convento”, prestígio que consolidou com obras como “A Balsa de Pedra” (1986), “A segunda vida de Francisco de Assis” (1987), “História do cerco de Lisboa” (1989) e o “Evangelho segundo Jesus Cristo” (1991).
Em 1993, pelo que dizia ser perseguição religiosa dado o tom polêmico de suas obras, que se chocaram com representantes da Igreja Católica e a proibição da publicação de seus romances em Portugal, Saramago fixou residência em Lanzarote (Ilhas Canárias, Espanha).
Ganhador do Prêmio Camões em 1995, Saramago iniciou no mesmo ano a publicação da trilogia formada por “Ensaio sobre a cegueira”, “Todos os nomes” e “Ensaio sobre a lucidez”.
Romancista, teatrólogo e poeta, em 1998 tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura.
Em 2008, iniciou um blog, “El cuaderno” (o caderno) e no ano passado apresentou seu último romance, “Caim”.
“Perda irreparável”
O Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista Português, do qual o escritor José Saramago era membro desde 1969, emitiu nesta sexta-feira, 18, um comunicado, destacando que a dimensão intelectual, artística, humana, cívica, de José Saramago fazem dele uma figura maior da nossa História. Leia a íntegra:
“A morte de José Saramago constitui uma perda irreparável para Portugal, para o povo português, para a cultura portuguesa.
A dimensão intelectual, artística, humana, cívica, de José Saramago fazem dele uma figura maior da nossa História.
A sua vasta, notável e singular obra literária – reconhecida com a atribuição, em 1998, do Prêmio Nobel de Literatura – ficará como marca impressiva na História da Literatura Portuguesa, da qual ele é um dos nomes mais relevantes.
Construtor de Abril, enquanto interveniente ativo na resistência ao fascismo, ele deu continuidade a essa intervenção no período posterior ao Dia da Liberdade como protagonista do processo revolucionário que viria a transformar profunda e positivamente o nosso país com a construção de uma democracia que tinha como referência primeira a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
José Saramago era militante do Partido Comunista Português desde 1969 e a sua morte constitui uma perda para todo o coletivo partidário comunista – para o Partido que ele quis que fosse o seu até ao fim da sua vida.
O Secretariado do Comitê Central do PCP manifesta o seu profundo pesar, a sua enorme mágoa pela morte do camarada José Saramago – e expressa as suas sentidas condolências à sua companheira, Pilar del Rio, e restante família”.
Veja abaixo a lista das 26 obras lançadas por Saramago no Brasil:
“O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1988)
“A Jangada de Pedra” (1988)
“História do Cerco de Lisboa (1989)
“O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991)
Manual de Pintura e Caligrafia (1992)
“In Nomine Dei” (1993)
Objecto Quase (1994)
“Ensaio sobre a Cegueira” (1995)
“A Bagagem do Viajante (1996)
“Memorial do Convento” (1996)
“Cadernos de Lanzarote” (1997)
“Todos os Nomes” (1997)
“Viagem a Portugal” (1997)
“Que Farei com Este Livro?” (1998)
“O Conto da Ilha Desconhecida” (1998)
“Cadernos de Lanzarote II” (1999)
“A Caverna” (2000)
“A Maior Flor do Mundo” (2001)
“O Homem Duplicado” (2002)
“Ensaio sobre a Lucidez” (2004)
“As Intermitências da Morte” (2005)
“Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido” (2005)
“A Jangada de Pedra” (2006, edição de bolso)
“As Pequenas Memórias” (2006)
“A Viagem do Elefante” (2008)
“O Caderno” (2009)
“Caim” (2009)
Com agências