Trabalhadores da Vale no Canadá mantêm pressão por mais direitos

Há quase 11 meses em greve, os mais de três mil trabalhadores mineiros da Vale Inco, em Sudbury Ontario, no Canadá, continuam sem garantias de que suas demandas serão atendidas. No final do mês de maio, uma jornada de cinco dias de protestos demonstrou que os trabalhadores continuam dispostos a lutar e a negociar com a multinacional.

“Um dia a mais, um dia mais fortes!”. É esta a frase que motiva os trabalhadores a permanecerem firmes na luta por seus direitos, que vêm sendo negados pela Vale.. Desde julho de 2009, os trabalhadores reivindicam pontos importantes como pensões, gratificações, renovação de contrato, direitos de antiguidade e do recurso à subcontratação. Também exigem a reincorporação em suas funções de nove ativistas sindicais que foram demitidos indevidamente. No entanto, desde o início da paralisação todas as propostas lançadas pela Vale foram de encontro às reais necessidades dos trabalhadores.

Em consequência dessa postura inflexível, em um plebiscito realizado para decidir sobre a continuidade da greve, cerca de 90% dos trabalhadores mineiros se posicionam a favor da manutenção, até que a Vale possa se comprometer com os direitos trabalhistas e com o respeito ao sindicato dos trabalhadores mineiros. Mediante esta situação, há grande possibilidade de que a greve complete um ano.

Segundo informações de Carolyn Kagdin, representante do sindicato norte-americano United Steelworkers (USW) no Brasil, a partir desta semana tem início uma rodada de negociações entre trabalhadores e empresa junto a um mediador. Carolyn e os trabalhadores esperam outra postura da Vale, que nos últimos meses não esteve “negociando de boa fé”.

“A agência provincial onde os cidadãos fazem suas reclamações trabalhistas solicitou que as duas partes voltassem a discutir as demandas dos trabalhadores e as propostas da Vale com o auxílio de um mediador. A esperança é a última que morre. Sendo assim, esperaremos até segunda-feira, quando terminam as negociações, para ver se vamos avançar ou se permanecemos onde estamos”, esclareceu.

Desde outubro de 2009, a mineradora de níquel funciona com trabalhadores substitutos e não-sindicalizados. Esta paralisação, juntamente com outra que acontece em Port Colborne, também uma mina canadense de níquel da Vale, já fez com que fosse reduzido em 10% a oferta global de níquel. Devido aos estoques que mantinha, a multinacional não sofreu grandes perdas e não houve queda de preço do produto.

Os trabalhadores canadenses acreditam que a postura da Vale e as ofertas lançadas até o momento são pensadas e calculadas com a finalidade básica de enfraquecer o sindicato e transformar o modo de trabalho da mina de Sudbury.

“Situações como esta greve são de fundamental importância para o futuro. Seja de onde for o capital, seja de onde for a empresa, quando ela chega em outros países, tem que respeitar a cultura dos locais onde opera. A Vale fez justamente o contrário. Após comprar, em 2006, a mineradora canadense, ela tentou mudar a cultura e o modo de trabalhar”, finalizou a representante do sindicato.

Agência Adital

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