Numa reunião realizada esta segunda-feira em Lisboa, o júri do prêmio – composto pelos portugueses Helena Buescu e José Carlos Seabra Pereira, pelo moçambicano Luís Carlos Patraquim, por Inocência Mata, de São Tomé e Príncipe, e pelos brasileiros Antônio Carlos Secchim e Edla Van Steen decidiu atribuir o prêmio ao autor de Poema Sujo.
Junto com o prêmio, Ferreira Gullar – nome artístico de José Ribamar Ferreira – vai receber 100 mil euros.
O prêmio é atribuído conjuntamente por Portugal e pelo Brasil.
Conjunto
“Ele tem um estilo moderno, muito ágil, é um poeta de um grande vigor, com originalidade”, justifica Edla, falando à BBC Brasil.
Para Sechin, o prêmio a Ferreira Gullar vem dar maior peso ao prêmio Camões.
“De um lado Ferreira Gullar é honrado com o prêmio e, de outro, ele o honra devido a sua estatura de poeta consensualmente considerado um dos mais importantes, senão o mais importante poeta vivo, pela multiplicidade de aspectos da sua obra e pela sua postura ética e política.”
“É um caso raro de um poeta que agrada simultaneamente ao grande público e à crítica mais exigente. É um poeta sempre insatisfeito com os rumos de sua própria poesia, e que a todo momento está se reinventando”, disse à BBC Brasil.
Segundo Edla Van Steen, a idade do poeta pesou na decisão.
“Foram colocados na mesa vários nomes e, no momento da escolha final, falamos da imensa obra do Ferreira Gullar, que está com 80 anos e que esse prêmio é o coroamento do trabalho do escritor. E todos os outros candidatos ainda têm mais tempo para aumentar a obra e o Ferreira já fechou. Ele continua produzindo, mas já é o candidato ideal para o prêmio”.
Ferreira Gullar é o segundo poeta brasileiro a receber o Prêmio Camões, nas suas 22 edições. Antes dele, só João Cabral de Mello Neto recebeu, em 1990.
Outros nomes que receberam o prêmio incluem José Saramago, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Antonio Candido, Lygia Fagundes Telles, o português António Lobo Antunes, o moçambicano José Craveirinha e o angolano Luandino Vieira. No ano passado, o prêmio foi atribuído ao cabo-verdiano Armênio Vieira.
Para a ministra da Cultura portuguesa, Gabriela Canavilhas, o prêmio vai ajudar tornar Ferreira Gullar mais conhecido em Portugal.
“É o mais prestigiado prêmio para a literatura lusófona. Queremos que sejam os cidadãos a reconhecer nos premiados o mérito para ter este prêmio. Será uma excelente oportunidade para conhecermos melhor o escritor”.