Por que motivo eu recebo informações políticas de uma determinada candidatura pela internet e não de outra se eu partir do senso comum de que os políticos são todos iguais? O que vai diferenciar este daquele, na relação com o eleitor, se todos vão apostar suas fichas na rede?
Venho pensando nisso e, sem qualquer pretensão de encerrar o assunto, mas ao contrário, pretendendo iniciar uma discussão sobre o tema, penso que a resposta está em duas palavrinhas utilizadas nas perguntas acima: relação e rede.
Já vem sendo dito que 2010 será a eleição da internet. Para tanto, empresas, políticos, jornalistas, marqueteiros e mais uma infinidade de gente vem se preparando para atuar neste território. Mas o que é isto?
Se eu for um candidato abastado, com a possibilidade de realizar uma campanha rica, poderei contratar uma destas empresas especializadas em marketing digital e fazer chover e-mail’s, scrap’s, anúncios e mais uma enorme proporção de recursos digitais nos correios eletrônicos, nas páginas pessoais das redes sociais, etc.
Deste recurso eu obterei o resultado da chamada propaganda ostensiva de massas.
Entretanto, quero questionar este resultado.
Logo que comecei a utilizar o e-mail e a internet, quando recebia em meu correio eletrônico uma mensagem com assunto do tipo “olha as fotos da nossa festinha”, mesmo que eu desconhecesse o remetente, por curiosidade e pela novidade do recurso, acabava espiando o recebido.
Com o passar do tempo, com a praga das correntes de milagres, com os milhões de slides de auto-ajuda, com as informações sobre a disseminação de vírus, sobre spam, etc e, fundamentalmente pela necessidade da agilidade e rapidez das informações via web, tornei-me seletiva. Passei a abrir apenas as mensagens que realmente me interessavam e de pessoas absolutamente conhecidas. As demais passei a marcar como lixo eletrônico.
Será que isto só acontece comigo?
Por estar convencida que o mesmo fenômeno se processou com a maioria das pessoas, é que resolvi abordar este tema.
Se uma determinada candidatura quiser ser bem sucedida no espaço virtual e não tiver muito dinheiro para investir na publicidade ostensiva, tem que ter rede. Tem que ter relações virtuais.
Isto não significa dizer que ele tenha que ter 10 ou 15 perfis lotados no orkut, por exemplo. Se tiver, melhor. Mas o que vai definir é o nível de relacionamento que este possui com sua rede, mesmo que pequena e limitada. Aliás, limite é uma palavra um tanto ignorada para a internet.
A capacidade de transformar as minhas relações na web em teia é o que, na minha humilde opinião, poderá configurar no diferencial da campanha virtual, neste ano. Ou seja: transformar cada membro das minhas relações virtuais num cabo eleitoral virtual.
Se teu irmão envia ao teu correio eletrônico uma mensagem pessoalizada, tu abrirás. Se teu irmão te fala de um determinado candidato, que ele está te indicando porque o conhece, e te fala das qualidades e da importância de votar naquele candidato, certamente te fará pensar no assunto. Mesmo que um outro candidato já tenha te enviado uma centena de scrap’s.
Aliás, enviar uma centena de scrap’s, pode ser motivo para perder definitivamente um eleitor, que se chateia ao receber uma enxurrada de mensagens indesejadas.
Então, quanto mais pessoas das relações obtidas na rede pudermos transformar em ativistas de campanha, tanto maior as chances de obtermos resultados deste espaço que ganha ênfase em 2010.
Mas, só não dá para esquecer que o velho corpo-a-corpo, o olho no olho, o contato real ainda é fundamental. Atrás do monitor devem ficar profissionais. O candidato precisa estar nas ruas, nas empresas, nos bairros, nas escolas, etc.