Os principais sindicatos da Romênia convocaram para a próxima segunda-feira (31) uma greve geral que poderá prosseguir nos dias seguintes com paralisações nos diferentes setores. A decisão foi anunciada na última quinta-feira (20), pelas direções das principais estruturas sindicais após o fracasso da última rodada de negociações com o governo.
Na véspera, cerca de 60 mil pessoas tinham protestado junto à sede do governo romeno contra o mais recente pacote de medidas de austeridade, que prevê cortes de 25 por cento dos salários e de 15 por cento nas pensões de aposentadoria e outros programas sociais, como é o caso do subsídio de desemprego.
Estas medidas extremas, que entram em vigor já no mês de junho, criaram um clima social explosivo. Os protestos acontecem diariamente, traduzindo o desespero de muitas famílias que veem a sua sobrevivência em causa.
É preciso destacar que o salário médio na Romênia é de cerca de 300 euros e que a aposentadoria mínima não vai além de 85 euros.
Apesar desses rendimentos serem os mais baixos da União Europeia, o governo do presidente Traian Basesco, eleito apenas há seis meses, pretende extorquir da população 1,7 bilhão de euros, condição exigida pelo FMI para conceder mais uma parcela de empréstimo global de 20 bilhões de euros acordado em 2009.
Só que o povo romeno já não tem mais o que dar. O laço da crise há muito que o estrangula. O desemprego atinge 8,36 por cento da população, o dobro em comparação com o ano anterior, a produção industrial caiu seis por cento no mesmo período, somando-se a uma diminuição do Produto Interno Bruto de 7,1% registrada em 2009.
A manifestação de quarta-feira (19), convocada pelas cinco centrais do país, foi considerada como uma das maiores das últimas duas décadas.
Professores, enfermeiros, aposentados, trabalhadores dos transportes demonstraram a sua disposição de lutar contra os cortes salariais, que incidem diretamente sobre 1,8 milhão de funcionários do setor público e 4,6 milhões de aposentados.
Os manifestantes exigem a demissão do governo e prometem continuar os protestos até a derrota de Basesco.
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