Nas décadas de 1980 e 1990, que foram também as da hegemonia neoliberal, os economistas ortodoxos assumiram o discurso de um “equilíbrio geral” da ordem econômica mundial que definitivamente não pode ser aplicado aos dias que correm.
Este processo é analisado no livro “A Finança Capitalista”, publicado pela editora Alameda, que reúne análises de François Chesnais, Suzanne de Brunhoff, Gerardf Duménil, Dominique Lévy e Michel Husson. Utilizando os intrumentais do marxismo, estes autores avaliam o processo de mundialização e de interdependência global.
As explicações neoliberais encontraram espaço para crescimento a partir da crise inflacionária dos anos 1960 e 1970. O Estado foi, pelos ideólogos destas teorias, responsabilizado por estes males. Mas foi a partir de 1979, com a ascenção de Margareth Tatcher ao poder no Reino Unido, que foi aplicado o mais abrangente programa neoliberal no mundo capitalista avançado.
Dele constavam, por exemplo, a contração da emissão monetária, a elevação das taxas de juros, a redução dos impostos sobre rendimentos altos, a abolição dos controles dos fluxos financeiros, o corte nos gastos sociais, uma nova legislação antissindical e um amplo programa de privatizações.
Essas medidas tinham como objetivos, em seu conjunto, reduzir a inflação, estimular investimentos produtivos e especulativos, reduzir o tamanho e o papel do Estado, garantir ao capital privado maiores margens de lucros e reduzir o peso político e econômico dos trabalhadores.
O programa neoliberal degradou o trabalho e estabeleceu a hegemonia rentista. Não foi capaz, no entanto, de reanimar as taxas de acumulação, isto é, de investimentos para o crescimento do parque produtivo. Isso porque a desregulamentação financeira, elemento fundamental do programa, gerou condições muito mais favoráveis para investimentos especulativos e que alimentaram, mais do que qualquer coisa, uma espécie de ditadura: a ditadura dos credores.
Por Fabiana Barreto Nunes, do Opéra Mundi