O segundo fato, foi quando no final de maio de 2005, comuniquei-lhe da preocupação do movimento sindical do PSB, diante das ameaças da reforma trabalhista em curso, iniciada através da famigerada PEC 369/05, que quebrava a unicidade sindical e abria uma fenda para a reforma trabalhista reduzindo direitos e conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras. O Comandante Arraes não hesitou, convocou a Executiva Nacional do PSB e a bancada federal, em reunião conjunta, realizada na Câmara Federal, para rechaçar a proposta. Naquele momento afirmava nosso Comandante ao encerrar a reunião, “a proposta é desarrazoada, votarei contra a mesma, e qualquer tentativa de dividir os trabalhadores e trabalhadoras”. Continuando, Arraes afirma, “sempre estarei contra os mecanismos de controle das forças conservadoras, que não querem o crescimento das forças emergentes da sociedade que desejam transformações mais profundas”. “Defendo a unicidade sindical e a manutenção e ampliação dos direitos, como resposta a essa tática de dividir os trabalhadores”, encerrou assim nosso líder. Foi seu último discurso à frente da Direção do PSB, para dias depois ser internado e não mais voltar, deixando-nos essa sensação de vazio, de orfandade, da sua presença, mais também, deixando-nos o caminho, a causa que nos revigora, o legado dos socialistas do nosso partido.
Neste momento em que lutamos para a aprovação, no Congresso Nacional, de medidas estruturais para o nosso País, entre estas, destacamos a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, nos vem à memória a militância do nosso eterno Comandante Miguel Arraes que, entre tantas outras ações a favor da classe trabalhadora, realizou o grande acordo do campo, na década de 60, reduzindo a jornada de trabalho e garantindo os mesmos direitos dos trabalhadores da cidade para os campesinos dos canaviais de Pernambuco. Memórias, estas, que nos servem como exemplo, inspiração e guia na conduta dos socialistas e das socialistas, em especial, à bancada federal que irá votar tão importante matéria para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, como no caso da redução da jornada de trabalho.