Através da greve realizada quarta-feira (10), com a adesão de centenas de milhares de funcionários públicos, os principais sindicatos gregos mostraram sua enpérgica rejeição às medidas antipopulares adotadas pelo governo para enfrentar o crescente endividamento do país. Os sindicalistas convocaram uma greve geral para o próximo dia 24.
O balanço das manifestações realizadas quarta é positivo. Milhares de manifestantes marcharam pelas principais cidades do país, sobretudo em Atenas. Só na capital, os sindicatos asseguram que 85% dos trabalhadores do setor público aderiram à greve, que também atingiu o tráfego aéreo.
Guerra contra os trabalhadores
Os grevistas levaram cartazes com palavras contra os cortes na despesa social, contra o aumento da idade de aposentadoria e a favor de mais benefícios para os trabalhadores.
"Se os trabalhadores não se movimentarem contra as medidas de economia, dentro de um ano a situação será pior", disse em discurso perante os manifestantes a secretária-geral do Partido Comunista (KKE), Aleka Papariga.
Já o líder sindicalista Christos Katsiotis afirmou que as medidas do Governo Giorgos Papandreu (socialista)"são uma guerra contra os trabalhadores", que responderão "como numa guerra".
A luta continua
A mensagem generalizada dos sindicatos e dos partidos da esquerda foi a de continuar com os protestos contra o governo e de se unir à greve geral convocada por todos os setores para o próximo dia 24 de fevereiro.
As manifestações, desta vez, foram mais pacíficas, embora as equipes antidistúrbios da Polícia grega tenham enfrentado alguns manifestantes lançando gás lacrimogêneo e ferindo duas pessoas.
Escolas, universidades, escritórios oficiais e hospitais públicos também aderiram à greve e permaneceram fechados.
Os médicos só atendederam casos de emergência e a rede ferroviária também teve alguns cortes, embora menores que o do transporte aéreo, paralisado totalmente devido à greve de controladores de voo.
Arrocho
O governo grego apresentou ontem os primeiros detalhes do plano de austeridade, que prevê reduzir até 2012 o déficit público de 12,7% para 3% do Produto Interno Bruto (PIB), dentro das metas fixadas pela União Europeia.
As medidas incluem a suspensão de contratações no setor público e reduções salariais e de subsídios para os funcionários. Segundo os sindicatos, os cortes previstos equivalem a reduções de até 20% de alguns salários, embora o governo assegure que serão apenas de entre 1% e 5%.
Aposentadorias
Ao mesmo tempo, o governo Papandreu, que herdou a crítica situação econômica da gestão anterior (conservadora), prevê aumentar a idade de aposentadoria de 61 para 63 anos antes de 2015, o que também irritou os sindicatos.
O partido Nova Democracia, antes no governo e agora opositor, pediu hoje que o Executivo aplique "medidas para o desenvolvimento", de modo a evitar que os cortes salariais "sequem o mercado" interno do país.
UE quer ver sangue
As pressões para que sejam adotadas respostas neoliberais à crise fiscal partem de uma União Europeia cada vez mais dominada pela direita, que exige do governo grego medidas drásticas para evitar que o endividamento pressione a zona do euro, em que a Grécia entrou graças a dados econômicos maquiados.
Papandreu assegurou hoje em Paris ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, que a Grécia cumprirá "ao pé da letra" o programa de recuperação orçamentária de três anos aprovado pela UE.
O primeiro-ministro grego não descartou novas medidas de arrocho como as já anunciadas. "Será feito tudo o que for necessário", assegurou. A classe trabalhadora não vai ficar passiva diante desta ofensiva reacionária liderada pela comunidade europeia.
Portal CTB, com informações da agência EFE