O presidente de Cuba, Raúl Castro, acusou os Estados Unidos de continuarem a tratar a América Latina como seu "quintal". Falando na abertura da cúpula da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), em Havana, o líder cubano disse que o governo de Barack Obama mantém "sua doutrina de ocupar e dominar a qualquer preço o território que sempre considerou como seu quintal natural".
"A reativação da 4ª Frota (da Marinha americana) com capacidade e objetivos estratégicos anunciados para manobrar inclusive em águas internas dos países da região é uma prova de que os Estados Unidos não têm limites", afirmou Raúl Castro, lembrando também o recente acordo que permite acesso americano a bases militares na Colômbia.
O líder cubano acusou ainda o governo Obama de ter apoiado aos golpistas em Honduras. "Na América Latina, lutam dois projetos: um colonialista e neocolonial subordinado aos interesses do império, e outro das forças que representam as classes despossuídas e discriminadas", disse.
Ele culpou o governo "usurpador e golpista" de Honduras liderado por Roberto Micheletti de ter impedido a "presença física" de Zelaya na cúpula. O presidente aproveitou para parabenizar o boliviano Evo Morales pela sua reeleição.
Copenhagen
Raúl previu ainda o fracasso da Conferência de Copenhagen. Ele disse que, embora o evento tivesse como meta produzir "passos concretos e confiáveis para confrontar os efeitos da mudança climática, nós sabemos que não haverá acordo".
Segundo Castro, ao contrário, o mundo "pode apenas esperar por um pronunciamento político". Ele disse que os líderes dos nove países que integram a Alba devem eles mesmos "planejar a própria posição comum sobre esse assunto decisivo para o futuro da humanidade".
Êxitos
Castro enumerou ainda os sucessos da Alba em seus cinco anos de existência. Segundo ele, três países da Aliança – Bolívia, Nicarágua e Venezuela – conseguiram eliminar o analfabetismo por causa dos programas educativos do bloco.
Ele mencionou ainda que, na área econômica, um dos maiores êxitos foi a criação do Banco da Alba para o desenvolvimento de projetos econômicos e sociais.
O líder lembrou também que o comércio entre os países do bloco, a partir de 2010, começará a funcionar com um mecanismo de "compensação de pagamentos sem utilizar o dólar, mas sim uma unidade monetária chamada sucre".
A Alba foi criada e fundada há cinco anos pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e pelo então presidente de Cuba, Fidel Castro. A cúpula em Havana deve terminar na terça-feira.
Com agências