O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, elogiou nesta sexta-feira o acordo firmado com o governo interino para pôr fim à crise do país, mas ressaltou que o pacto depende ainda da aprovação do Congresso hondurenho.
"O Congresso nacional tem uma grande responsabilidade em colocar um ponto final neste conflito", afirmou por telefone à BBC.
"Se (o acordo) fracassar, o que é uma possibilidade, seria um desastre moral para todos nós que estamos lutando pela democracia."
Zelaya creditou o acordo "à presença dos Estados Unidos, a resistência do povo, que ainda ontem (quinta-feira) fez uma manifestação com mais de dez mil pessoas e, obviamente, a pressão internacional, que tem sido extraordinária".
"O mais importante é que os hondurenhos mostraram seu repúdio à volta do militarismo", finalizou.
Razão e diálogo
Zelaya afirmou à agência de notícias Associated Press que espera uma definição do Congresso em "mais ou menos uma semana". Até lá, disse que permanece na embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde está hospedado desde 21 de setembro.
O acordo prevê que a decisão sobre o retorno do líder deposto seria do Congresso, com uma consulta prévia ao Supremo Tribunal de Justiça, para a formação de um governo de união nacional que reconheceria as eleições nacionais marcadas para 29 de novembro.
A perspectiva do fim da crise política hondurenha foi elogiada ao redor do mundo. O Itamaraty emitiu nota oficial afirmando que "o Brasil expressa a expectativa de que a normalidade institucional se restabeleça dentro do mais breve prazo em Honduras, com a volta da titularidade do Poder Executivo ao estado prévio ao golpe de estado de 28 de junho".
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, em um comunicado, disse que "este é um momento de enorme satisfação para Honduras, a OEA e para a democracia em geral porque uma crise grave como a vivida nos últimos meses poderá ser resolvida em definitivo por meio da força da palavra e da razão".
A secretária de Estado americano, Hillary Clinton, também se disse feliz com o avanço nas negociações e elogiou o fato de que ambas as partes superaram a crise "por meio da negociação e do diálogo".
"Estou muito orgulhosa por ter participado do processo e pelos Estados Unidos terem sido úteis", disse ela.
Fonte: BBC Brasil