O golpe de Estado em Honduras já dura pouco mais de quatro meses com diversas violações aos direitos humanos da população local. Além de adultos, crianças e adolescentes também sofrem com a crise política no país. De acordo com comunicado do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado na última quarta-feira (28), pelo menos 1.600 crianças menores de cinco anos foram mortas desde o dia 28 de junho.
De acordo com o Unicef, aproximadamente 13 meninos e meninas morrem, por dia, desde a deposição de Manuela Zelaya. A violação aos direitos das crianças e dos adolescentes não se restringe somente às mortes. Segundo o Fundo, mais de 1.800.000 pessoas que frequentam escolas públicas no país praticamente perderam o período acadêmico.
Além disso, organismos defensores dos direitos humanos em Honduras já relataram, entre junho e setembro deste ano, pelo menos 79 casos de violação aos direitos de crianças e adolescentes quando participavam de manifestações contra o governo de fato. Execuções, ameaças de morte, perseguições policial e militar, castigos, detenções ilegais, e tratamentos cruéis são apenas algumas situações também sofridas pelos menores de 18 anos no país.
O Unicef registra até mesmo casos de asilo político de crianças e adolescentes. Três meninas do Pueblo Lenca de Jesús de Otoro e um adolescente membro da Coordenadora dos Povos Indígenas de Honduras (Copinh) do Departamento de Santa Bárbara, por exemplo, solicitaram asilo político na Embaixada da Guatemala em Honduras.
No comunicado, o Unicef ainda reafirma o chamado realizado em 17 de julho aos responsáveis civis e militares e a todas as pessoas para respeitarem os direitos da infância e da adolescência presentes na Convenção dos Direitos da Criança, assinada e ratificada pelo Estado hondurenho.
Outros efeitos do golpe
O golpe de Estado no país centro-americano afeta, de maneira geral, toda a população hondurenha. Toques de recolher, fechamento de empresas de comunicação e suspensão de garantias constitucionais como os direitos à reunião, associação e livre mobilização foram apenas algumas violações realizadas pelo governo de fato.
Organizações defensoras dos direitos humanos, tais como o Comitê de Familiares de Desaparecidos (Cofadeh), o Centro de Pesquisa e Promoção de Direitos Humanos (Ciprodeh), o Comitê de Direitos Humanos de Honduras (Codeh) e o Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação de Vítimas de Tortura (CPTRT), documentaram diversos casos de violação aos direitos de hondurenhas e hondurenhos durante o golpe.
As violações ultrapassam os atos de violência, privando as pessoas até mesmo de ter acesso a direitos básicos, como saúde e educação. Na área da saúde, por exemplo, pessoas feridas em manifestações ou em enfrentamentos com a polícia não puderam receber assistência em hospitais públicos. Na educação também não foi diferente. Militarização e fechamento de centros educativos, finalização repentina do ano escolar no mês de outubro e perseguição aos professores que participaram de manifestações foram experiências vividas por alunos e professores nesses últimos quatro meses.
Também não é só na garantia dos direitos humanos que o país perde com o golpe de Estado. Apesar de ainda não se ter dimensão dos efeitos da crise na área financeira, pode-se afirmar que Honduras ainda continua em situação de vulnerabilidade econômica.
De acordo com o comunicado do Unicef, a economia de Honduras – que já enfrentava problemas com a crise financeira mundial – passa por uma redução nos investimentos públicos, privados e internacionais em áreas produtivas e de serviços, o que gera desemprego e diminuição na capacidade aquisitiva da população.
fonte: Adital