Desde o golpe de Estado de 28 de junho, os confrontos entre civis e as Forças Armadas de Honduras já ocasionaram 17 mortes e mais de quatro mil detenções, além de deixaram 300 feridos em todo o país. Os dados foram divulgados na última sexta (25), em Madrid, pela Missão Internacional de Observação sobre a situação de Direitos Humanos em Honduras.
Dentre os 17 mortos, dez foram assassinados por compassas, quatro em manifestações de ruas, além de dois dirigentes campesinos e um professor. O comunicado da missão, composta por 17 representantes de vários países, cita detenções em estádios esportivos, feridos retirados de hospitais e levados a presídios e de vistorias em ambulâncias.
A missão registrou mais de quatro mil detenções arbitrárias até o final de agosto. Desse total, 156 menores de 18 anos foram detidos por violarem o toque de recolher. De acordo com o documento, os homens são punidos com fogo sob os testículos; e as mulheres, com bastões da polícia nos órgãos sexuais.
Segundo a missão internacional, o governo provisório de Roberto Micheletti está detendo, arbitrariamente, líderes das manifestações favoráveis a Zelaya. Os militantes estão sendo torturados e intimidados e o movimento feminista está sofrendo as piores consequências.
De acordo com o informe, a repressão se intensificou desde que Zelaya ingressou no país, no último dia 21, e se abrigou na embaixada brasileira, na capital Tegucigalpa.
O documento ainda contabiliza 300 feridos em todo o país. O governo provisório e as empresas favoráveis ao golpe também estão demitindo trabalhadores que atuam em manifestações de rua. Cerca de 300 pessoas já foram demitidas somente na cidade industrial de San Pedro Sula. Os mais prejudicados são os sindicalistas.
Dentre os últimos detidos, estavam duas crianças, de oito e 12 anos de idade, acompanhadas de seus pais. O Estado está aproveitando o grande número de manifestantes para realizar detenções seletivas e julgamentos coletivos. A justificativa seriam as manifestações populares supostamente ilícitas.
Forças Armadas desalojam camponeses
O governo provisório de Honduras desalojou violentamente, na manhã de hoje (30), um grupo de campesinos que se mantinha na sede do Instituto Nacional Agrário (INA), na capital Tegucigalpa. A estimativa é de que haja 53 campesinos detidos, sendo seis mulheres e dois guardas que auxiliavam na segurança dos ocupantes.
O prédio foi ocupado na semana seguinte ao golpe de Estado, impetrado em 28 de junho. Os campesinos não reconhecem Eduardo Villanueva como diretor do INA, já que foi indicado pelo governo provisório do país. O grupo se mantinha no local como forma de proteger a documentação arquivada pelo instituto, responsável pelo programa nacional de reforma agrária.
A expulsão dos campesinos foi possibilitada pelo estado de sítio anunciado no último sábado (26) pelo presidente provisório, Roberto Micheletti. A medida suspendeu, por 45 dias, direitos constitucionais como liberdade de expressão, de circulação e de reunião.
Com informações da Agência Adital