Quase dois meses após o golpe de Estado em Honduras, a crise política no país permanece sem acordo entre governo constitucional e governo de fato. Ontem (24), em entrevista à BBC Brasil, Xiomara Castro, esposa de Manuel Zelaya, afirmou que o presidente hondurenho está disposto a aceitar as exigências previstas no Acordo de San José, mesmo que isso exija sua volta à Presidência do país com poderes limitados.
De acordo com reportagem de Claudia Jardim, da BBC Brasil, segundo a primeira-dama hondurenha, o acordo de San Jose – proposto pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias – prevê o retorno de Zelaya à presidência, mas limita os poderes do presidente legítimo. Dentre os pontos abordados no acordo de negociação, estão: a restituição de Zelaya ao poder, a antecipação das eleições de novembro, a abdicação a proposta da consulta popular, e a anistia para os delitos políticos cometidos antes e depois do dia 28 de junho.
"O restante do acordo contempla a intransigência do governo interino, mas ainda assim o presidente está disposto a voltar, de mãos e pés amarrados, para assegurar o retorno à democracia", afirmou Xiomara. O acordo, porém, ainda não foi firmado, pois o representante do governo golpista, Roberto Micheletti, não concordou com as propostas de San José.
Segundo a agência de notícias, no último domingo (23), a Suprema Corte de Honduras divulgou um parecer em que rejeita as propostas por considerar que o governo de Micheletti chegou ao poder a partir de uma "sucessão constitucional".
Mobilizações
Organizações e movimentos sociais nacionais e internacionais continuam as manifestações pelo retorno da constitucionalidade em Honduras. Na próxima sexta-feira (28), acontecerá, em Nova Iorque, uma Grande Marcha Nacional Solidária Contra o Golpe de Estado em Honduras. No dia – escolhido por ocasião dos dois meses do golpe -, os manifestantes sairão da Time Square e caminharão até a Embaixada de Honduras nos Estados Unidos.
Os participantes demandam: o fim dos assassinatos, da repressão e das violações aos direitos humanos do povo hondurenho; e o retorno da constitucionalidade e a restituição de Zelaya ao poder. Além disso, apoiam a resistência pacífica dos hondurenhos e das hondurenhas participantes da Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado. Outras atividades em solidariedade aos hondurenhos estão previstas para acontecer, no mesmo dia, em cidades como Boston, Chicago, Cleveland, Houston e Los Angeles.