A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instalou ontem (17) um escritório no Hotel Intercontinental de Tegucigalpa, capital de Honduras, para receber denúncias de violações de direitos humanos no país. Um total de 12 representantes do organismo chegou ontem à nação, onde vai se manter até sexta-feira (21) para verificar as denúncias feitas contra as forças armadas do país e o governo provisório de Roberto Micheletti.
O escritório está ouvindo as denúncias da população hondurenha durante todos os dias desta semana, das 9h às 17h. "Quanto mais denúncias sobre os atropelos e as violações aos direitos humanos dos/as hondurenhos/as forem recolhidas, melhor será o panorama da CIDH sobre a situação em nosso país e maior peso terão as medidas adotadas", estimulou em nota o CIPRODEH (Centro de Investigação e Promoção dos Direitos Humanos).
Desde ontem, a CIDH – órgão autônomo da OEA (Organização dos Estados Americanos) – está ouvindo a população, recebendo provas e documentos das entidades ligadas à defesa dos direitos humanos no país.
As informações coletadas servirão de base para um relatório sobre a situação dos direitos humanos no país diante da grave crise instaurada pelo golpe de Estado. O organismo interamericano deverá se reunir com representantes da Frente Nacional contra o Golpe de Estado e do COFADEH (Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras).
A CIDH informou que não divulgará nenhum parecer durante sua estadia em Honduras, mas concederá entrevista coletiva na sexta-feira para falar de sua passagem pelo país.
Governo de Micheletti desconfia da CIDH
Os jornais hondurenhos que apoiam o golpe de Estado que depôs e expulsou do país o presidente Manuel Zelaya afirmam que a CIDH "está infiltrada pelos movimentos esquerdistas latino-americanos". A garantia é do jornal hondurenho La Tribunal, favorável à manutenção de Micheletti no poder.
Segundo o jornal, a vice-chanceler do governo provisório, Martha Lorena Alvarado, considerou que "se deve ter muita cautela [com a CIDH] e não criar grandes expectativas com esses informes [da comissão]", porque "há uma enorme infiltração da esquerda nas organizações de Direitos Humanos".
Manifestantes pró-Zelaya permanecem nas ruas
Milhares de hondurenhos contrários ao golpe de Estado se mantêm nas ruas das principais cidades do país desde a deposição do presidente Zelaya, em 28 de junho, até hoje, 52 dias depois. Nesta terça-feira, grande parte dos manifestantes se reuniu em frente à Universidade Pedagógica Nacional, em Tegucigalpa, onde as manifestações têm sido duramente reprimidas pelas forças armadas do país.
Ontem, a Frente Nacional contra o Golpe de Estado garantiu, em seu 22º comunicado, a manutenção das manifestações. Também informou sobre seu interesse em convocar uma Assembleia Constituinte para a elaboração de uma nova Carta Magna para o país. Seu conteúdo deveria trazer melhorias para as maiorias empobrecidas e uma democracia realmente participativa.
Fonte: Agência Adital