Entidades brasileiras se posicionaram hoje (11) favoráveis ao encontro entre o presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, previsto para amanhã (12), em Brasília. A informação sobre a chegada do presidente hondurenho foi confirmada, em nota, pelo Ministério de Relações Exteriores do governo brasileiro.
Em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, o Movimento "Honduras é Logo Ali" e o Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA), ligado à Universidade Federal de Santa Catarina, vão realizar um ato em apoio a Zelaya. Para o jornalista e historiador Celso Martins da Silveira Júnior – que integra as duas organizações -, os governos latino-americanos devem manter o repúdio ao golpe de Estado que depôs e expulsou Zelaya de Honduras em 28 de junho.
Em sua opinião, no entanto, tudo já foi feito em termos de pressão diplomática. "O Brasil tem um peso muito grande em termos de América Latina. Mas, em nível de pressão diplomática, acho que tudo já foi feito, não sei mais o que se pode fazer", avaliou Celso.
O historiador também citou as pressões contra o golpe já impetradas pela OEA (Organização dos Estados Americanos); pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que mediou um diálogo entre os governos provisório e deposto de Honduras, no mês passado; e dos Estados Unidos. Ontem, o presidente Barack Obama enfatizou o que já havia exigido: a restauração da ordem constitucional de Honduras.
Para Celso, "a única saída para Honduras é uma insurreição popular" e, em sua avaliação, esse é o caminho para o qual o país está se dirigindo. "As mobilizações populares [em Honduras] são um processo único, peculiar, de características próprias. Isso é que dá a grandeza, isso pode aprofundar a democracia na medida em que sejam ampliados os direitos", ressaltou.
Ele considerou que esse "é um momento muito rico, exemplar". "Há poetas, artistas, pintores, atores participando das manifestações em Honduras. Isso pode ser considerado um termômetro das mobilizações, quando essas categorias aderem. É um forte indicador da pressão popular", opinou Celso.
O historiador complementou que "não há boa vontade dos golpistas de conciliação". "Uma situação de radicalidade já tomou conta do país, o presidente Zelaya é odiado pelas classes dominantes, porque ele era um homem das estruturas de poder, mas se voltou para as demandas das classes mais pobres", explicou.
O Movimento "Honduras é Logo Ali" foi composto por professores da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina), por jornalistas e por outras categorias profissionais do Estado. A ideia é mostrar a proximidade política entre os países da América Latina.
Fonte: Agência Adital