“A crise criada pelo falido sistema capitalista não será paga pelos trabalhadores. A união do campo e cidade será a solução para a classe trabalhadora”, Vicente Selistre.
A unidade dos trabalhadores, a organização e união entre campo e cidade, agricultura familiar, redução da jornada de trabalho, valorização do trabalho da mulher, renovação do socialismo e analise da conjuntura da crise mundial criada pela falência do capitalismo, analise do pós Lula ( o que poderá vir depois do governo Lula), avaliação do governo Yeda e relação com mídia burguesa por parte dos Sindicatos foram alguns dos focos do 2º Congresso Estadual da Central de Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB), que começou nesta quinta-feira em Porto Alegre. Já na recepção, os cerca de 300 participantes do encontro foram recebidos por pessoas usando máscaras e luvas para evitar a contaminação com o vírus da nova gripe. Uma medida de higiene necessária nos dias em que aglomerações tornaram-se uma ameaça real à saúde. No auditório praticamente lotado da Fetag, delegados sindicais de quase todas as regiões do Estado discutiram temas que fazem parte da pauta de reivindicação da CTB.
O presidente da CTB RS, Guiomar Vidor, saudou a todos dizendo que o congresso já podia ser considerado um sucesso antecipado por ter conseguido reunir um número de pessoas tão expressivo. E fez um balanço do período em que esteve à frente da organização. Segundo Vidor, cerca de 80 sindicatos estão filiados à CTB gaúcha e a meta é duplicar esse número para que mais pessoas sejam beneficiadas. Para Vicente Selistre, vice-presidente nacional da CTB, a entidade do RS está de parabéns por ter se tornado, em tão pouco tempo, uma das mais mobilizadas do país. E, fazendo referência à doença que está assolando o país, foi categórico: ''Estou tomado pelo vírus da luta, da transformação dos trabalhadores'' destacou Selistre que arrancou aplausos de forma efusiva pela empolgação do discurso.
Umberto Martins: “É hora de renovar a luta do socialismo”
Após a aprovação do regimento interno, onde está prevista para amanhã a eleição da nova diretoria da CTB RS, o assessor nacional Umberto Martins resumiu o trabalho que vem sendo desenvolvido em nível nacional e que deve pautar as discussões regionais. Entre os assuntos, a crise mundial foi mencionada. E com ela a necessidade cada vez maior de mobilização de todas as classes trabalhadoras para que o futuro não seja ainda pior para os brasileiros. Martins declarou que está na hora de renovar a luta pelo socialismo, uma vez que a crise é produto do capitalismo desenfreado que atinge o mundo. ''Somente com a valorização do trabalho vamos conseguir um desenvolvimento maior e mais satisfatório para toda a população''. Após as colocações de Martins, foi à vez do deputado federal Beto Albuquerque (PSB) tecer comentários sobre a participação ativa da classe no Estado. ''Só tenho a ressaltar o sucesso, a dimensão, a clareza e o foco que a CTB vem imprimindo na luta dos brasileiros'', declarou. Para ele, a CTB cumpre uma tarefa ativa na luta pela melhoria de vida da classe trabalhadora, como a batalha pela redução para 40 horas semanais da jornada de trabalho. Essa conquista, de acordo com o deputado, será histórica para os assalariados.
Redução de jornada: ''viver não é só trabalhar''
No começo da tarde foi a vez de Marcio Pochmann, presidente do Ipea, e um dos convidados de honra do evento, falar sobre o mesmo assunto. O economista defendeu a tese de que uma nova era está surgindo, onde o conhecimento será muito mais valorizado que o trabalho braçal. E, para isso, não serão necessárias mais tantas horas no ambiente de trabalho. ''As pessoas precisam ter mais tempo para estudar, para se atualizar e não ficarem à mercê das mudanças do mundo moderno. Educação não combina com trabalho. É humanamente impossível fazer as duas coisas juntas. Viver não é só trabalhar''.
Segundo Pochmann, essa nova sociedade já faz parte da vida das pessoas, mas elas não têm tempo para perceber. A dificuldade em se manter empregado tira o foco dos trabalhadores. ''Nos dias de hoje, os miseráveis contam seus dias. Um após o outro. Os operários, contam o mês, se esforçando para chegar até o final com um dinheirinho no bolso. A classe operária pensa no ano e os ricos têm planos para as décadas seguintes. Só com um planejamento sólido podemos alcançar nossos objetivos'', observou Pochmann que ainda destacou que os filhos dos trabalhadores, estudam a noite, trabalham durante o dia e chegam muito cedo ao mercado do trabalho, ao passo que estatísticas provam que os filhos dos ricos ingressam no mercado de trabalho somente após os 24 anos, depois de estudar e realizar muitos cursos. Pochmann também afirmou que o ideal para os trabalhadores seria uma jornada de trabalho de apenas 12 horas por semana. Tema recorrente em todas as classes sociais nos últimos meses, a crise mundial também foi enfocada na palestra de Pochmann. Para ele, a recessão não é uma novidade na dinâmica do capitalismo, mas que para o Brasil conseguir suportar é preciso aproveitar esse momento. Tirar lições de como crescer e se fortalecer numa época difícil como essa.
Uma nova geração de pobres
''A crise produz uma nova geração de pobres e novos efeitos políticos. Para avançar com relação a isso temos que ter um novo plano de financiamento a longo prazo, uma reestruturação da governança do mundo e o padrão de produção e consumo precisa ser alterado. Mas é importante salientar que nada disso vem do dia para a noite. É preciso trabalhar muito para que as mudanças sejam benéficas a todos'', afirmou.
Além disso, o economista destacou que o Brasil precisa diversificar e fortalecer suas parcerias comerciais, pois só assim poderá se tornar independente dos Estados Unidos. ''Para o Brasil ser uma grande potência é preciso que o Real circule fora daqui. E com força''. Pochmann destacou ainda que a crise pode não estar tão próxima assim de acabar, como a imprensa vem divulgando atualmente. Ele acredita que ela possa ser cíclica e passar por vários momentos antes de ser totalmente superada. No entanto, foi otimista: ''Os números apontam para uma retomada satisfatória no segundo semestre deste ano. As categorias serão beneficiadas porque o Brasil tem a possibilidade de ter em 2010 um ano muito bom para as negociações''.
CTB se alia na luta por mais leitos hospitalares
Saindo do plano econômico e retornando à saúde, foi chamado o Dr. Néio Lúcio Pereira, assessor técnico da superintendência do Grupo Hospitalar Conceição, para falar sobre a pandemia que está deixando alarmado o povo gaúcho, principalmente pelo fato de o RS ser uma porta de entrada do vírus devido à proximidade com as fronteiras argentina e uruguaia.
Pereira relatou que um dos problemas mais graves enfrentados no combate à doença é a falta de leitos nos hospitais. O médico ressaltou que, devido ao baixo investimento que o governo Yeda Crusius faz na saúde, as pessoas não têm onde se curar. E, nesse ponto, buscou apoio da CTB para que um importante hospital volte a funcionar. ''É inadmissível que numa época dessas os hospitais da Ulbra permaneçam fechados. Precisamos de uma mobilização popular para que o governo tome uma atitude rápida e não deixe essa instituição fechada enquanto milhares de pessoas precisam de acompanhamento qualificado''. Segundo o médico, é provável que mais de cem mil pessoas já estejam contaminadas com o vírus e que todos os cuidados se fazem necessários para que a situação não piore ainda mais no Estado. No encerramento do primeiro dia do Congresso da CTB os desafios para agricultura familiar também foram abordados pelo deputado estadual Heitor Schuch (PSB).
Vicente: “Trabalhadores do campo e da cidade precisam se unir”
Ao percorrer as ruas centrais de Porto Alegre até o Palácio Piratini, os integrantes da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) encerraram, na sexta-feira (31.07), seu segundo congresso estadual. Reunidos desde a quinta-feira, discutiram os objetivos da entidade, além de elegerem a direção que estará à frente da CTB RS até 2013. O segundo dia do encontro foi marcado pela presença de lideranças políticas no auditório da Fetag, local que abrigou os cerca de 300 participantes do evento. O ato político do Congresso contou com a presença do deputado estadual Giovani Cherini (PDT), que afirmou que "é preciso modificar o sonho coletivo das pessoas e, para isso, é necessário investir na educação. E a CTB vai lutar pela firmemente pela educação de cada ser humano".
O vice-presidente nacional da CTB, Vicente Selistre que também preside o Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, além de ser o primeiro suplente de deputado Federal (PSB) fez várias intervenções durante o congresso e em todas destacou que é preciso haver a união dos trabalhadores do campo e da cidade e que a luta é de todos. Para Selistre o capitalismo é um modelo falido, pois gerou fome, miséria, doenças, guerras e a riqueza ficou concentrada nas mãos de uma minoria. “A crise que aí está é a prova de que o socialismo não morreu, aliás, esta crise não foi gerada pelos trabalhadores e, portanto não será nós que vamos pagar a conta. Que os ricos paguem esta conta” observou Selistre que defende a redução da jornada de trabalho e salários justos aos trabalhadores. Outro presente foi o deputado comunista Raul Carrion (PCdoB), que pediu que a entidade gaúcha se engajasse na luta em defesa do Pré- Sal.
Campo Bom é destaque na CTB
Depois das manifestações em plenário acerca do plano de lutas da entidade, nas quais a luta das mulheres, a questão ambiental e uma política de comunicação também foram discutidas, a CTB RS colocou em votação os nomes para a nova direção da entidade no período 2009-2013. A chapa única, encabeçada pelo atual presidente Guiomar Vidor, foi eleita por unanimidade dos votos dos delegados. A escolha foi saudada com entusiasmo pelos trabalhadores classistas gaúchos. O vice-presidente reeleito, Sérgio de Miranda (Fetag RS) disse: "A partir de agora teremos ainda mais responsabilidades”. Campo Bom vem se destacando junto a CTB, pois a vice-presidência nacional é ocupada pelo campobonense Vicente Selistre que vem se projetando nacionalmente, inclusive como integrante do Codefat em Brasília. O Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom filiado a CTB vem ocupando espaços dentro da entidade estadual, e elegeu dois representantes para a direção – Júlio Lopes da Luz que é secretário geral do Sindicato foi eleito diretor Financeiro da CTB gaúcha e integrante do Conselho Geral do Sindicato dos Sapateiros, Jaqueline Dienstmann foi eleita vice-presidente estadual da CTB. Encerrando a caminhada os participantes do 2º Congresso Estadual da CTB RS rumaram ao Palácio Piratini. Por pouco mais de meia hora circulando nas ruas centrais da Capital, os integrantes da passeata usaram o microfone para reforçar as questões primordiais da luta dos trabalhadores..
Portal CTB com Jair Wingert