Um sindicalismo classista, autêntico, revolucionário, autônomo e independente, que correlacione os eixos urbano e rural em defesa da implantação de um projeto nacional de desenvolvimento voltado à soberania, com progresso social e a integração da América Latina deu o tom das resoluções no encerramento do 2º Encontro Estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, na Bahia. "Nós entendemos que, um projeto de desenvolvimento nacional, está casado com os anseios e expectativas da classe trabalhadora, sobretudo com um projeto que tenha, na sua centralidade, a valorização do trabalho e do trabalhador", revelou o presidente reeleito da CTB/BA, Adilson Araújo.
Reforma agrária plena e reforma urbana; políticas públicas de geração de emprego e renda com inclusão social e trabalho decente; universalização e valorização do serviço público; redução de jornada de trabalho sem redução salarial; direito irrestrito de greve e proibição da demissão imotivada; fim do fator previdenciário; fortalecimento do SUS e educação pública de qualidade se renovaram na pauta de ações da nova diretoria eleita, reforçando a proposta de consolidação de um modelo de governo democrático e popular, que se aproxime mais dos anseios e expectativas da classe trabalhadora. "A CTB deve protagonizar uma efervescência política nas bases, fortalecendo a unidade de ação e incorporando bandeiras do desenvolvimento e da soberania por uma sociedade mais humana e igualitária", defendeu Araújo.
A composição da nova chapa, respeitando o percentual mínimo de 30% destinado às mulheres, reafirma o compromisso da CTB na luta pela superação das desigualdades de gênero e toda forma de preconceito e intolerância; pela igualdade de oportunidades e contra a discriminação salarial,o assédio moral e a violência sexista. Com a criação das coordenações regionais, somada à direção plena, o número de dirigentes foi ampliado de 27 para 39, com a duplicação dos cargos de vice-presidência, sob a gestão renovada de Dalva Leite e a inclusão de Ana Rita Miranda, que é também secretária de Juventude da CTB nacional.
A preocupação com a sub-representação feminina se estendeu à eleição da delegação para o Congresso Nacional da CTB, que acontece de 24 a 27 de setembro, em São Paulo. A Bahia é detentora da maior bancada do Congresso, com uma delegação de 300 representantes num encontro previsto para reunir, ao todo, 1,5 mil trabalhadores de todo o país.A CTB-BA pretende se tornar a terceira maior Central do país – atualmente, a seção baiana ocupa a quarta colocação, com 250 sindicatos filiados. E, numa delegação de 300 eleitos na tarde deste sábado (1/08), espera-se que, ao menos 100, sejam mulheres.
Mulheres, juventude e negros
"Não é possível separar luta contra a discriminação de gênero da luta dos trabalhadores contra a exploração do capital", afirma o documento oficial da CTB-BA, com o balanço das ações e o Plano de Lutas. Entre as propostas específicas para atender à demanda das trabalhadoras, políticas públicas voltadas para a garantia dos direitos das mulheres e a construção de mais creches e maternidades públicas.
A juventude também desponta entre as prioridades da entidade, que defende a criação de programas de primeiro emprego, assim como políticas direcionadas aos negros. "São segmentos importantíssimos para qualquer movimento e que carecem de políticas públicas de valorização; em especial, a juventude, que sofre muito devido à falta de emprego e de qualificação", apontou Ana Rita Miranda. A pauta de ações ainda inclui a regularização das terras indígenas e quilombolas.
1ª Confecom
A CTB endossou apoio ao debate público sobre a democratização da mídia e reiterou a sua participação na 1ª Conferência Nacional da Comunicação, convocada pelo Governo Federal para os dias 1, 2 e 3 de dezembro, em Brasília. "A comunicação é de domínio público. Entretanto, infelizmente, no nosso país, está nas mãos do capital privado, o que impede a possibilidade de elevar o protagonismo dos trabalhadores", criticou o presidente reeleito da CTB. "Nós acreditamos que uma Conferência da Comunicação vai permitir maior abertura, até porque os trabalhadores, e mesmo o governo, precisam ter um instrumento de interlocução, de diálogo com a sociedade que permita, sobretudo, a democracia, a participação e a igualdade de acesso e oportunidades", apontou Adilson. O 2º Congresso da CTB-BA, no dia anterior abriu espaço para a temática de democratização da mídia com a intervenção da editora do portalVermelho,Julieta Palmeira.
O encontro ainda teve espaço para uma menção de repúdio ao Golpe Militar que derrubou o governo de Manuel Zelaya, em Honduras. "A situação de Honduras nos leva a crer que esta é uma investida do capital contra a vertente socialista por conta dessa mudança política que nós vivemos hoje no mundo e, em especial, na América Latina, com a condição de, através do voto, criar a perspectiva para a construção de projetos que se aproximem mais das expectativas e anseios da sociedade", definiu Araújo.
O 2º Encontro Estadual da CTB reuniu ao final 700 líderes sindicais de 130 municípios baianos, envolvendo 105 sindicatos urbanos e 96 sindicatos rurais, 575 delegados e delegadas – as mulheres, representaram 32% dos participantes do Encontro – em dois dias de debate no Centro de Convenções de Salvador. "Nós, hoje, entendemos e reconhecemos que a luta dos trabalhadores passa, necessariamente, pela unidade das centrais sindicais", afirmou Aurino Pedreira, integrante da direção nacional da CTB.
De Salvador,
Camila Jasmin