OEA adia reunião sobre Honduras; mulher de Zelaya vai a protesto em Tegucigalpa

A OEA (Organização dos Estados Americanos) adiou para semana que vem a reunião marcada para esta sexta-feira, que tinha como objetivo discutir a crise em Honduras, indicou o organismo em um comunicado, sem justificar a decisão, no dia em que mais de três mil pessoas voltaram a protestar na capital hondurenha contra o governo interino que tomou posse há mais de um mês, após a deposição do presidente Manuel Zelaya.

A organização havia marcado uma sessão nesta sexta-feira para voltar a debater a questão hondurenha, depois que o país centro-americano foi suspenso da organização, em 5 de julho, como punição à deposição de Zelaya.

Mesmo assim, os embaixadores dos 33 países ativos na OEA se reuniram na manhã desta sexta-feira a portas fechadas para falar sobre Honduras na sede da organização em Washington. Até o momento, não há informações sobre o que foi decidido. A OEA manifestou seu apoio ao processo de mediação entre Zelaya e o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, coordenado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

Arias fez uma proposta que inclui o retorno de Zelaya ao poder, uma anistia e a realização adiantada das eleições previstas para novembro, mas o governo de Micheletti fatiou a proposta e a distribui entre os três poderes hondurenhos, sob o argumento de que não poderia decidir sozinho sobre questões legais e criminais ainda não se pronunciou a respeito.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, advertiu que o organismo pode tomar mais medidas punitivas contra o regime que derrubou Zelaya, mas disse que esperará pela postura de Micheletti frente ao acordo proposto por Arias para agir.

Protesto

Cerca de três mil hondurenhos foram às ruas nesta sexta-feira em Tegucigalpa protestando contra o governo interino e exigindo a restituição do presidente deposto, apesar dos confrontos com a polícia registrados no dia anterior, que deixaram vários feridos.

Os manifestantes, principalmente professores, sindicalistas e camponeses, percorriam pacificamente uma das ruas da cidade em direção à sede do Congresso, no centro da capital.

A mulher de Zelaya, Xiomara Castro, participou do protesto. Nesta quinta-feira (30), ela voltou à capital partindo da zona fronteiriça com a Nicarágua, após desistir de tentar se reunir com o marido, que prepara no país vizinho uma "resistência" contra o governo interino.

Muitos dos manifestantes estiveram presentes, no dia anterior, à dispersão de um bloqueio realizado pelos opositores ao Governo de fato em uma estrada que liga Tegucigalpa ao norte, alguns mostrando os ferimentos sofridos nesses distúrbios.

Segundo a Polícia, pelo menos seis pessoas ficaram feridas e 88 foram detidas durante a repressão, enquanto a Frente de Resistência contra o golpe estimou os números em 72 e mais de cem, respectivamente.

Sem retorno

Após dias de sinais divergentes, o governo interino de Honduras diminuiu desde esta quinta-feira as esperanças de uma saída negociada para a crise política no país, ao afirmar claramente que não aceitará de forma alguma a volta do presidente deposto e ao adotar uma atitude mais dura em relação aos manifestantes.

Em um protesto separado do que teve a presença da mulher de Zelaya, a polícia lançou gás lacrimogêneo e prendeu apoiadores de Zelaya que bloqueavam uma das principais estradas de acesso à capital hondurenha nesta sexta-feira. Daniel Molina, porta-voz da polícia, disse que uma pessoa ficou ferida e que várias foram presas. O presidente interino disse que seu governo não vai tolerar bloqueios de ruas que regularmente têm complicado o tráfego em
Tegucigalpa e em outras cidades.

O regresso de Zelaya ao poder, à frente de um governo de coalizão, é o principal ponto da proposta de conciliação feita pelo presidente costa-riquenho, Oscar Arias. O mediador da crise também se manifestou a favor de uma anistia para todos os envolvidos na deposição de Micheletti e a antecipação em um mês das eleições presidenciais de novembro.

Nesta quinta-feira, um membro do governo interino disse a agências internacionais de notícia, sob condição de anonimato, que Micheletti estaria disposto a negociar a volta do
presidente deposto, o próprio presidente interino disse aos jornalistas na quinta-feira à

noite que Zelaya poderia voltar a Honduras apenas para ser julgado por abuso de poder e outras acusações feitas contra ele.

"Sob nenhuma circunstância vamos deixá-lo tomar posse do governo", disse Micheletti.

O governo interino aparentemente aposta em ganhar tempo, atrasando uma decisão sobre a proposta de conciliação de Arias, enquanto tenta formar uma missão com representantes de países como Colômbia e Canadá para que ajudem a solucionar a crise política ou deem, ao menos, uma aparência de aceitação internacional ao processo de eleição do próximo presidente –a OEA já informou que não reconhecerá um presidente eleito antes do retorno de Zelaya ao poder.

Na comitiva proposta, se destaca o ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, informou o governo Micheletti, na quinta-feira.

Fonte: France Presse, Associated Press, Reuters e Efe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.