Possível volta de Zelaya aumenta tensão em Honduras

O suspense em relação a uma possível volta do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ao país se reavivou desde o último contato telefônico dele com uma emissora de rádio local.

Zelaya disse que retornará ao país, mas esperará o prazo de 72 horas pedido pelos mediadores da crise para retomar o debate.

Na capital hondurenha, moradores não escondem o cansaço e o descontentamento com as incertezas desde o golpe militar do último dia 28 de junho. A dúvida sobre o regresso de

Zelaya se tornou um exercício de adivinhação. "Dizem que aterrissará no aeroporto de San Pedro Sula", dizem uns. Que venha! Aqui mesmo vão acabar com ele", dizem outros. "Virá mas por terra, clandestino", é outra versão. "Dizem que entrará no país por Choluteca."

A cobertura da imprensa tampouco parece ajudar os hondurenhos a entender os fatos.
"Na TV só tem cadeias oficiais. Se alguém quiser assistir à TV por assinatura, tiram os canais de notícia. Os jornais diários não dizem nada. O toque de recolher não acaba", reclamou uma mulher que esperava o ônibus em Tegucigalpa.

Justiça

O presidente do Conselho Hondurenho da Empresa Privada (Cohep), Amílcar Bulnes, disse à BBC que se Zelaya retornar deverá comparecer perante a Justiça.
"As autoridades estão totalmente de acordo com que regresse ao país, desde que se coloque à disposição da Justiça", afirmou.

"Ele tem a garantia de um julgamento justo, segurança completa, com a presença de observadores de organismos internacionais. Essa é a posição das autoridades legítimas do país", disse o líder empresarial.

Ele disse que mantém a confiança na economia hondurenha sob o atual regime, apesar de sanções financeiras, como o anúncio da União Européia de suspender aportes financeiros no total de US$ 90 milhões.

"O aparato do Estado está trabalhando a todo vapor com o setor privado, as exportações se mantêm, o setor bancário tem muitos recursos e as linhas de crédito estão vigentes. Acho que a situação tende a se normalizar nos próximos dias", afirmou.

Muitos países consideram Zelaya o líder legítimo de Honduras.

Nenhum país reconheceu o governo interino de Honduras e tanto os Estados Unidos como a ONU e a OEA afirmaram reconhecer Zelaya como o presidente legítimo do país.
Do outro lado do espectro ideológico, os dirigentes do Bloco Popular, que aglutina os setores da sociedade civil que respaldam Zelaya, disse que aumentará a pressão social contra o governo de Roberto Micheletti.

"Na quinta e sexta-feira desta semana haverá ações grandes nas diferentes regiões do país para continuar com a nossa agenda de resistência", disse o organizador de uma mobilização em frente ao Congresso Nacional nesta segunda-feira, Carlos H. Reina.
Ele também comentou o fracasso das negociações entre governo e oposição na Costa Rica, no fim de semana.

"A mediação (do presidente costa-riquenho Oscar Arias) era um processo que visava a ganhar tempo. Sabíamos que ia ser boicotado pelo governo golpista."

Portal CTB com informações da BBC

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