O presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou hoje (21) que retornará ao país amanhã (22), quando acaba o prazo de 72 horas solicitado pelo presidente da Costa Rica e mediador do conflito de Honduras, Óscar Arias. O anuncio foi dado pelo próprio presidente hondurenho, em uma entrevista concedida ao jornal chileno La Nación.
De acordo com informações da Telesul, Zelaya garantiu que retornará a Honduras amanhã, mas não detalhou como e nem por onde entrará: "Estou iniciando já meu retorno a Honduras. Vou fazê-lo a partir de quarta-feira por qualquer dos pontos fronteiriços que Honduras tem com Guatemala, El Salvador ou Nicarágua".
Na ocasião da entrevista, Zelaya aproveitou a oportunidade para pedir aos movimentos sociais que continuem com a luta pela volta da constitucionalidade no país. "Só Deus pode impedir meu regresso e posso assegurar que Deus não está com os golpistas, está do nosso lado. Minha entrada vai ser apoteótica", declarou.
Além disso, comentou que está disposto a discutir os pontos sugeridos por Arias na mesa de negociação. Na entrevista, o presidente constitucional afirmou que pode discutir, por exemplo, a instalação da quarta urna nas próximas eleições gerais e a antecipação das eleições, previstas para acontecer no final de novembro. "Por mim, não há problema; se querem, fazemos [as eleições] amanhã", afirmou.
Apoio dos movimentos
Enquanto as negociações entre Zelaya e Micheletti não chegam a um acordo comum, movimentos sociais, hondurenhos e hondurenhas seguem com manifestações pelo retorno da ordem democrática no país. Ontem (20), Feministas em Resistência divulgaram comunicado pedindo a continuidade das mobilizações nacionais e internacionais contra o golpe.
A organização convoca a sociedade internacional para realizar, amanhã (22), um plantão em frente às embaixadas dos Estados Unidos. A intenção é que, às 10h (de cada país), cidadãos e cidadãs do mundo inteiro concentrem-se em frente à embaixada estadunidense de cada país para condenar o golpe em Honduras e pedir apoio ao retorno de Zelaya.
De acordo com o comunicado, o golpe "contou com o apoio financeiro dos empresários hondurenhos e da ultra-direita latino-americana e norte-americana". Além disso, pede o fim da repressão às organizações e movimentos sociais contrários ao golpe e a suspensão de "qualquer ajuda técnica ou financeira, bilateral ou multilateral para este regime de fato".