Está confirmada para as 10h de amanhã (18) a segunda rodada de negociações, na Costa Rica, entre as comissões que representam o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o presidente provisório do país, Roberto Micheletti. A reunião ocorre na casa do presidente costarriquenho e ganhador do prêmio Nobel da Paz, Óscar Arias Sánchez, e pode se estender até domingo.
Zelaya e Micheletti participaram da primeira reunião, realizada no último dia 9, mas nada foi acertado. Os representantes dos dois presidentes, então, decidiram que eles só voltariam a participar do diálogo caso se chegasse a um ponto em comum. Na quarta (15), Micheletti afirmou que renunciaria desde que Zelaya não retornasse ao país. O presidente foi deposto e expulso de Honduras no último dia 28.
A comissão de Zelaya será composta por Arístides Mejía, ex-ministro da Defesa; Milton Jiménez, designado pela vice-presidência e ex-chanceler; e Enrique Flores Lanza, secretário da presidência.
Já a delegação de Micheletti será formada por Carlos López, ex-chanceler da República; Arturo Corrales, presidente do partido Inovação e unidade (PINU); Mauricio Villeda, candidato à vice-presidência pelo Partido Liberal; e Vilma Cecilia Morales, ex-presidente da Corte Suprema de Justiça.
Manifestações mantidas
Hoje é o segundo dia de bloqueio da estrada que liga San Pedro de Sula a Puerto Cortés, no departamento de Cortés. Ontem, mesmo sob ameaça dos militares, os manifestantes marcharam por nove horas até o porto mais importantes de Honduras, estabelecendo-se sobre a ponte El Kilómetro.
Segundo informações da Comun Notícias, cerca de 20 policiais tentaram impedir a circulação de três ônibus que partiam da cidade de El Progresso para San Pedro de Sula. Na passagem pela Colônia Jerusalém, no entanto, os manifestantes pressionaram e a polícia acabou por liberar os veículos. De acordo com o jornal, Claudia Ivonne Soler Sagastume foi "detida arbitrariamente" por não portar documento de identidade.
Campanha midiática
Ontem, o Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos em Honduras (COFADEH) divulgou uma nota em que repudiou a "campanha midiática" que chama as manifestações contra Micheletti de "Plano Caracas".
Segundo informa o comunicado, um suposto plano do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, "pretende desestabilizar o país mediante ações armadas de grupos irregulares, ligados ao narcotráfico ou provenientes da Nicarágua".
"A campanha está chegando a níveis alarmantes, a qual se trata de influenciar na opinião pública, para fazer crer que existem grupos armados em departamentos como Colón, Gracias a Dios e Olacho", indignou-se o COFADEH.
Refúgio
O Serviço Jesuíta para Migrantes na América Central e o Serviço Jesuíta para Migrantes no México exigiu, em nota, que o governo provisório detenha as ações xenofobias contra migrantes no território hondurenho. As duas entidades ressaltaram as denúncias, feitas por jornais hondurenhos, de "detenções arbitrárias" contra de nicaragüenses, sul-americanos e cubanos.
As duas organizações ainda pediram que os governos do México e dos demais países da América Central acolham, "sem reservas, a pessoas que, devido à violência generalizada imperante em Honduras, solicitem refúgio". Essa já é uma realidade no território mexicano.
Portal CTB