Honduras: manifestações contra golpe continuam

Zelaya foi preso e expulso do país no dia 28 de junho e o Congresso nacional designou Roberto Micheletti como chefe do regime de facto.

Na capital Tegucigalpa, manifestantes realizaram uma marcha que saiu da Universidade Pedagógica até as instalações da embaixada dos Estados Unidos, onde exigiram que o governo norte-americano cumpra as resoluções da Organização de Estados Americanos (OEA) pela restituição de Zelaya.

Apesar da posição crítica do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao regime de facto, Juan Barahona, dirigente do grupo Resistência Pacífica, afirma que Washington apoiou o golpe.

Organizações que integram o Bloco Popular realizaram protestos e fecharam estradas nos departamentos de Colón, Olancho, Yoro, Santa Bárbara e Comayagua. Neste último, manifestantes ocuparam a continental rodovia Panamericana durante várias horas.

Os professores do sistema público de educação mantêm suspensas as aulas como protesto contra o golpe de Estado. O atendimento nos centros de saúde está limitado porque muitos funcionários participam das manifestações contra o regime de facto.

A Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado convocou hoje todas as organizações populares a intensificarem as mobilizações em todo o país.

Erasto Reyes, membro desta organização, disse que a partir da próxima quinta-feira as ações serão mais fortes e não se descarta a declaração de uma greve geral que durará até que Zelaya retorne ao poder.

Em Tegucigalpa, uma assembleia de membros do Partido Liberal, ao qual pertence o mandatário deposto, exigiu sua imediata restituição. O grupo pediu ao candidato às eleições presidenciais pelo partido, Elvin Santos, que condene o golpe.

Os militantes contrários ao regime, entre eles a esposa de Zelaya, Xiomara Castro, acordaram não obedecer ao "governo usurpador" e apoiaram as mobilizações e demais ações empreendidas pela Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado.

Representantes das organizações feministas também condenaram hoje o golpe e decidiram recorrer ao artigo 3 da Constituição que diz que "ninguém deve obedecer a um governo usurpador".

As feministas ocuparam as instalações do Instituto Nacional da Mulher para impedir a posse da nova diretora María Martha Díaz, nomeada ao cargo por Micheletti.

Num comunicado, elas expressaram que o golpe militar e político foi "financiado por empresários, promovido pelas grandes corporações de rádio e televisão do país, benzido pelo cardeal Oscar Andrés Rodríguez e a Confraternidade de Igrejas Evangélicas, e assessorado por grupos fundamentalistas e de ultradireita da América Latina".

(ANSA)

 

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