Continuam os protestos em Tegucigalpa, capital de Honduras, contra o golpe de Estado que depôs o presidente constitucional Manuel Zelaya no último dia 28 de junho.
Três semanas após o golpe, o povo hondurenho se mantém nas ruas pedindo a saída de Roberto Micheletti, que assumiu a presidência após o golpe, e o retorno de Zelaya, que nesta segunda permanece em Managua, Nicarágua.
Na tarde da última terça-feira (14) foi realizadauma reunião entre as centrais sindicais, campesinas, estudantis, juvenis, de direitos humanos e ambientalistas hondurenhas para se criar uma agenda da semana e as estratégias que servirão para ampliar a resistência no país centroamericano.
Negociação
Nas negociações entre o governo golpista e o presidente constitucional hondurenho, iniciadas na semana passada com a intermediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, não se chegou a um acordo. Em dois dias de discussões em San Jorge, capital costa-riquenha, ficou decidido apenas que o diálogo continuará em outra data.
Arias esteve reunido com o presidente deposto, Manuel Zelaya, e com o líder do governo golpista, Roberto Micheletti. Eles tiveram conversas particulares com o presidente costa-riquenho, que reuniu-se também com as delegações dos dois lados.
Neste domingo (13), Michelleti disse que vê nas eleições presidenciais a saída para o impasse e também uma forma de escapar de uma condenação internacional pelo golpe de Estado.
O governo golpista ofereceu anistia a Zelaya, mas ele afirmou que retornará a Honduras como presidente.
De acordo com um pronunciamento do presidente venezuelano, Hugo Chávez, o presidente deposto poderia retornar a qualquer momento para Honduras.
Chávez disse que os militares golpistas não têm o controle absoluto das Forças Armadas e que não estranharia se aparecessem pronunciamentos de oficiais a favor de Zelaya. Para ele, a presença de Zelaya em Honduras poderia causar um movimento cívico militar, que teria o objetivo de criar uma base de ação para recuperar o poder.
Toque de recolher
O toque de recolher imposto pelos golpistas desde o dia 28 de junho, que vigorava das 23h às 4h local, foi suspenso neste domingo.
Segundo o governo de Micheletti, a suspensão se deu por ter-se “alcançado os objetivos de devolver a calma à população" após o golpe.
No entanto, organizações populares alegaram que esta decisão foi tomada para “dar a entender ao mundo que há um ambiente de liberdade no país” e alertaram que “a repressão dos golpistas continua”.
Censura
De acordo com um informe da Comissão Investigadora de Atentados a Jornalistas, da Federação Latinoamericana de Jornalistas, muitos jornalistas foram perseguidos, detidos, ameaçados e expulsos de Honduras desde o golpe de Estado.
O último episódio da censura no país, conforme a organização, foi a detenção e expulsão de jornalistas venezuelanos das equipes da Telesur e da estatal Venezuelana de Televisão (VTV), no sábado (11). As duas emissoras venezuelanas foram as únicas que mantiveram transmissão integral de Honduras desde o golpe.
O ato foi condenado pela Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez e por jornalistas hondurenhos.
Brasil de Fato