SANTIAGO DO CHILE, 13 JUL (ANSA) – A presidente do Chile, Michelle Bachelet, afirmou hoje que são "devastadoras" as consequências da crise econômica mundial para os países da América Latina, e defendeu o controle dos mercados para evitar "enormes desastres".
"É evidente que uma das grandes lições que a crise nos deu é que as economias não podem funcionar como se fossem uma selva, em que sobrevivem os mais fortes", criticou a mandatária.
Bachelet pediu para "deixar definitivamente de lado as superstições sobre a mão invisível do mercado, porque está claro que as bofetadas dos mercados que não têm controle causam enormes desastres, pelos quais os povos acabam pagando".
A chefe de governo chilena lembrou ainda que "a livre concorrência não pode ser uma força que destrói tudo". Assim, ela defende que para os mercados "funcionarem sobre bases sadias" é fundamental que o Estado "zele pelo interesse coletivo", impondo regras e protegendo os cidadãos.
A presidente lembrou que até 2008 havia na América Latina mais de 182 milhões de pobres, dos quais 71 milhões viviam em extrema pobreza. "Estes números aumentaram drasticamente em consequência da crise, o que é inaceitável", avaliou Bachelet, acrescentando que as democracias precisam se responsabilizar por essa situação.
A mandatária também negou hoje ter falado com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, sobre sua posição diante da possibilidade de reeleição do chileno José Miguel Insulza para o cargo de secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
"Eu falei com ela nos Estados Unidos por telefone, porque ela estava de repouso, mas a OEA não foi um tema sobre o qual conversamos", afirmou a presidente, desmentindo assim o jornal chileno El Mercurio.
A publicação havia informado ontem que a permanência de Insulza na OEA por mais um mandato estaria comprometida pela forma como ele conduziu o processo de revogação da suspensão de Cuba da organização. O jornal noticiou que Bachelet e Hillary teriam tratado do tema.
A presidente chilena também criticou hoje o golpe de Estado feito em Honduras no último dia 28 de junho contra o então presidente Manuel Zelaya. A presidente ressaltou que "não se pode esquecer o altíssimo custo humano" das ditaduras passadas.
"Rechaçamos mais uma vez o golpe de Estado nesse país e exigimos o restabelecimento da ordem constitucional e do governo legítimo", reiterou. (ANSA)