O golpe que depôs o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, no último dia 28, “não teve o mesmo contexto [dos golpes] da guerra fria, mas não deixa de ser um retrocesso na política da América Latina”, disse o professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Alcides Zaz.
A crise foi deflagrada com a decisão do presidente de fazer um referendo em período anterior à eleição, o que não é permitido pela legislação do país, e poderia dar a Zelaya a possibilidade de reeleição. “De alguma forma, Zelaya já vinha perdendo sustentação e apoio popular”, afirmou Zaz.
“Estamos diante de uma situação peculiar”, pois o descumprimento veio primeiro do poder civil estabelecido [com o referendo] e depois dos militares, com o golpe que tirou Manuel Zelaya da Presidência, acrescentou.
O professor avalia positivamente a indicação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, para mediar o conflito e para o encaminhamento de uma solução negociada. Entre as possíveis soluções para a crise, Zaz afirmou que, hipoteticamente, uma delas seria a antecipação das eleições, garantindo a Zelaya o direito de disputá-la.
Zelaya vai hoje (8) para a Costa Rica com o objetivo de negociar a saída do governo golpista do poder, de acordo com a agência de notícias Telam. O presidente afirmou que quer voltar a Honduras “no menor tempo possível”.