Um grupo de 28 funcionários do gabinete do governo deposto de Honduras divulgou, na última segunda (29), uma carta em que afirmam estar sendo tratados como clandestinos em seu próprio país. Segundo a nota, os ex-funcionários estão sendo perseguidos pelas forças militares hondurenhas, que decretaram um golpe de estado no último domingo e expulsaram o presidente Manuel Zelaya do país.
Na nota, os funcionários do governo deposto reforçam que continuam organizados politicamente, mesmo se mantendo escondidos. Segundo eles, "a família do presidente José Manuel Zelaya Rosales e os membros de seu gabinete estão sendo perseguidos, sem o gozo de nenhuma garantia legal".
O grupo informou que está apoiando e estimulando membros da sociedade civil, trabalhadores, partidos políticos e a sociedade em geral "em uma resistência pacífica, desconhecendo a instalação do Governo e do Presidente de Fato, que pretende dar uma pancada na democracia de nosso país".
Os funcionários ainda repudiaram integrantes do Congresso Nacional, que falsificaram a assinatura de Zelaya ao tentar comprovar uma suposta renúncia do presidente. Segundo o grupo, o Congresso acreditou em "argumentos fora da realidade" ao nomear, de maneira ilegal e inconstitucional, Roberto Micheletti – então presidente da Casa – como presidente de fato do país.
Os 28 funcionários repudiaram o toque de recolher imposto à população por Micheletti, das 9h às 18h da segunda-feira. A medida tentou conter os milhares de manifestantes que já demonstravam rechaço ao governo provisório nas ruas de Tegucigalpa, capital do país. Para o grupo, o toque de recolher "violentou os direitos garantidos em nossa Carta Magna".
O comunicado denunciou, também, que o povo hondurenho está "impossibilitado" de receber informações objetivas. Segundo o texto, os meios de comunicação independentes estão sendo fechados pelos militares, "em outro flagrante e consumado atentado à liberdade de expressão".
O grupo lembra que "todos os países-membros da Comunidade Internacional" já condenaram o golpe de estado militar. "Desconhecem totalmente o governo usurpador e ilegal" os membros da UE (União Europeia), da OEA (Organização dos Estados Americanos), do Cone Sul, da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), o Sica (Sistema de Integração Centro-Americana) e a ONU (Organização das Nações Unidas).
Assinaram a carta os funcionários do governo de Zelaya citados abaixo:
Enrique Flores Lanza, Ministro de la Presidencia
Eduardo Enrique Reina, Secretario Privado
Rebeca Santos, Secretaria de Finanzas
Fredis Cerrato, Secretario de Industria y Comercio
Cesar Salgado, Ministro del FHIS
Ricci Moncada, Ministra de Energia
Edwin Araque, Presidente Banco Central de Honduras
Jacobo Lagos, Ministro de Staff Presidencial
Marcio Sierra, Viceministro de la Presidencia
Beatriz Valle, Ministra de Rree Por Ley
Carlos Orbin Montoya, Ministro Asesor
Rodolfo Pastor Fasquelle, Ministro de Cultura, Artes y Deportes
Milton Jimenez Puerto, Presidente Comision Nac. Banca y Seguros Ricardo Arias, Viceministro de la Presidencia
Jorge Mendez , Gerente de Sanaa
Francisco Funes, Gerente del INA
Marco Velasquez, Viceministro de Transporte y Vivienda
Marco Tulio Cartagena, Subgerente del INA
Ada Serrano, Directora del Pani
Jose Medina, Ministro de las Etnias
Angel Murillo Selva, Ministro de Agricultura y Ganaderia
Mayra Mejia, Ministra de Trabajo y Seguridad Social
Marlon Breve, Ministro de Educacion
Marco Burgos, Ministro de Comisión Permanente de Emergencias
Karen Zelaya, Ministra de Cooperacion
Doris Garcia, Ministra del Instituto Nacional de la Mujer
Jorge Alberto Rosa, Gerente Hondutel
Suyapa Prudot, Ministra del Instituto Hondureño para la Niñez y la Familia