As centrais sindicais gregas se felicitaram na noite desta quarta-feira, em comunicado, sobre a "participação em massa" na greve geral de 24 horas nos setores público e privado, observada para protestar contra o que chamaram de política de austeridade do governo de direita.
A greve geral acontece num momento em que o país é abalado por tumultos diários, consecutivos à morte de um adolescente em Atenas, por um policial.
Os sindicatos expressaram em comunicado "sua cólera pelo assassinato de Alexis Grigoropoulos", e pediram "o fim dos atos de violência por parte das forças da ordem".
As duas grandes centrais sindicais do país, a Confederação Geral dos Trabalhadores gregos (GSEE, 600.000 filiados) e a Federação dos funcionários (Adedy, 200.000 membros), também pediram "a convergência dos salários na Grécia com os dos outros países da União Européia" assim como mais "recursos destinados aos setores da saúde e do ensino".
Os sindicatos alertaram o governo contra "qualquer demissão" ligada à crise financeira mundial e denunciaram novamente "as privatizações" de empresas par parte do governo de direita de Costas Caramanlis.
O transporte público e o aéreo estiveram perturbados, não tendo sido realizada nenhuma ligação marítima com as ilhas gregas, segundo os sindicatos.
Também foi afetado o funcionamento de bancos e grandes empresas do setor público, como a Eletricidade da Grécia (DEI).
Protestos estouraram em pelo menos 10 cidades, e o custo dos danos a lojas e empresas somente em Atenas é estimado em cerca de 200 milhões de euros (259 milhões de dólares), disse a Confederação Grega de Comércio.
"Em Atenas, tivemos 565 lojas com sérios danos ou completamente destruídas", disse Vassilis Krokidis, vice-presidente da federação.
Milhares de pessoas marcharam para o Parlamento nesta quarta-feira, em um protesto sindical que rapidamente se tornou violento. A polícia lançou bombas de gás lacrimogênio e os manifestantes responderam com pedras, garrafas e paus, de acordo com uma testemunha da Reuters.
O partido socialista de oposição afirmou que o governo, que tem uma maioria apertada e sofre nas pesquisas de opinião, perdeu a confiança do povo e que são necessárias novas eleições.
"A participação na greve é total, o país está paralisado", disse Stathis Anestis, porta-voz da federação sindical GSEE, que convocou uma paralisação de 24 horas.
Os vôos domésticos e internacionais foram cancelados, bancos e escolas permaneceram fechados, os hospitais funcionavam em esquema de plantão e centenas de milhares de gregos faltaram no trabalho.
Os sindicatos dizem que as privatizações, o aumento de impostos e a reforma previdenciária pioraram as condições do país, especialmente para os 20 por cento de gregos que vivem abaixo da linha de pobreza, bem no momento em que a crise global atinge a economia de 240 bilhões de euros.
"Há vontade de mudança: mudança social, econômica e política", disse Odysseas Korakidis, 25 anos, que trabalha em dois empregos. "Não é incomum ter dois empregos para ganhar só 800 ou 1000 euros por mês. Em outros países, isso é inconcebível!"
O primeiro-ministro Costas Karamanlis, que assumiu o poder em meio à euforia das Olimpíadas de 2004 em Atenas, apelou a líderes políticos em nome da unidade, e pediu aos sindicatos que cancelem o protesto desta quarta-feira. Mas seus pedidos foram rejeitados completamente pela oposição.
"Ele e seu governo são responsáveis pela ampla crise que o país e a sociedade grega estão passando", disse o porta-voz do partido socialista, George Papakonstantinou.
Com agências