À primeira vista pode parecer que as repercussões políticas e administrativas das eleições municipais deste ano, cujo balanço definitivo só poderá ser feito depois que forem conhecidos os resultados do segundo turno, não ultrapassam a fronteira das cidades. Muitos eleitores votam com esta convicção, mas ocorre que ela não é verdadeira e no fundo revela uma compreensão limitada da conjuntura nacional.
Embora os temas de âmbito municipal sejam relevantes, não devendo ser negligenciados na batalha em curso, é preciso salientar que o pronunciamento das urnas em 26 de outubro ecoará além das prefeituras e câmaras de vereadores. Terá um papel decisivo na definição da correlação de forças para o pleito quase geral de 2010, que elegerá os novos integrantes do Congresso Nacional, Presidência da República, governos e legislativos estaduais.
O que está em jogo é o destino do país, disputado de forma acirrada por forças políticas divergentes, que de fato apontam dois caminhos distintos: o da consolidação e aprofundamento do processo de mudança político iniciado em 2002 com a eleição de Lula ou o retrocesso neoliberal, que para a maioria significaria menos desenvolvimento, aumento do desemprego e da precarização, retomada do projeto de privatização e arrocho salarial.
O movimento sindical não pode ficar à margem desta importante batalha, como se a coisa nada tivesse a ver com a classe trabalhadora. É indispensável conscientizar as bases dos sindicatos e o conjunto do povo sobre a abrangência e importância da decisão que será comunicada às urnas no dia 26 de outubro. Temos a responsabilidade de lutar pelas mudanças e barrar o retrocesso neoliberal.
O primeiro turno já configura uma vitória expressiva das forças progressistas, já que das 15 capitais que elegeram seus prefeitos apenas três (Curitiba, Teresina e Natal) foram ganhas por partidos que fazem oposição ao governo Lula e das 34 cidades com mais de 200 mil eleitores (excluindo as capitais) somente 11 ficaram nas mãos das forças conservadoras e neoliberais, capitaneadas pelo PSDB e DEM.
O segundo turno será realizado em 11 capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Cuiabá, Belém, São Luiz, Manaus e Macapá). Os resultados de domingo (5-10) já revelam que as famílias mais pobres, pertencentes à classe trabalhadora, despejam seus votos (e neles suas esperanças) nos candidatos de esquerda, identificados com as causas populares. Nosso desafio é consolidar e ampliar a vantagem neste terreno e atrair as camadas médias do eleitorado para nosso campo. Devemos empenhar toda nossa energia nesta batalha.
Wagner Gomes
Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil