La Paz, 16 out (Prensa Latina) Uma marcha massiva de movimentos sociais que exige a refundação da Bolívia decidiu hoje esperar o pronunciamento do Congresso sobre a lei de convocação de um referendo constitucional, sua principal demanda.
De acordo com Fidel Surco, presidente da Coordenadora Nacional para a Mudança (CONALCAM por sua sigla em espanhol), que organiza a manifestação, os manifestantes farão uma pausa para descanso na localidade de Patacamaya, distante 100 quilômetros de La Paz, até que o legislativo adote uma decisão sobre esse reclamo.
Se for aprovada nesta quinta-feira na sessão extraordinária uma norma que viabilize a consulta, disse Surco, a caminhada será suspendida.
Caso contrário, os mais de 15 mil representantes dos nove departamentos [estados] e organizações sociais, chegarão na próxima segunda-feira à cidade sede do governo para exigir um referendo sobre a nova carta magna.
Surco disse à Prensa Latina que à caminhada se somaram membros da Confederação Indígena do Oriente Boliviano (CIDOB) e vizinhos da humilde comunidade cruzenha, denominada Plano Três Mil, entre outros setores que apostam pelo processo de mudança.
Por outra parte, o presidente do Congresso e vice-presidente do país, Álvaro García, citou ao ente legislativo para hoje com o objetivo de analisar a convocação de um referendo a respeito da nova constituição e do tema agrário.
A sessão debaterá a aprovação de uma lei para realizar ambas as consultas, a segunda referida à máxima extensão de terras que pode possuir um cidadão (cinco mil ou 10 mil hectares).
Para isso, uma comissão de integrantes das quatro forças políticas com representação no Congresso assumiu deliberações sobre o texto constitucional, para superar as diferenças e submetê-lo à opinião popular.
O presidente Evo Morales instou hoje ao Congresso a aprovar uma norma que viabilize o referendo sobre a lei de leis.
Morales recordou que o ente legislativo não completou seu trabalho desde que, em 2006, aprovou uma lei sobre a criação da Assembléia Constituinte, encarregada de redigir a carta magna.
Em dezembro passado, na cidade de Oruro, a Assembléia concluiu a redação deste texto, que deve ser referendado de maneira democrática nas urnas pelos bolivianos, sentenciou.
Sobre a marcha, afirmou que tem caráter persuasivo e é também em defesa das autonomias, mas para os nove departamentos, e que incluam igualmente as regiões e os territórios indígenas.