O presidente do Federal Reserve norte-americano, Ben Bermanke, sinalizou que o Fed poderá reduzir as taxas de juro de curto prazo, num cenário de reduções de pressões sobre os preços, de crise financeira e de perspectiva de debilidade econômica. "A combinação dos indicadores que têm saído com os acontecimentos financeiros recentes sugere que a perspectiva para o crescimento econômico piorou e que o risco de baixa no crescimento cresceram", enquanto que a perspectiva da inflação "melhorou um tanto", disse o presidente do Fed durante conferência da National Association for Business Economics.
Ele acrescentou que "à luz desses acontecimentos, o Federal Reserve precisará considerar se a posição atual da política monetária ainda é apropriada". Para Bernanke, "levando tudo em conta, a atividade econômica provavelmente ficará fraca durante o que resta deste ano e no próximo ano, e as tensões no setor financeiro podem muito bem prolongar o período de desempenho econômico fraco e fazer os riscos ao crescimento aumentarem ainda mais".
Bernanke também observou que os gastos do consumidor, ajustados à inflação, "se contraíram significativamente" desde maio, enquanto o enfraquecimento das vendas e o aumento da incerteza "também começaram a pesar mais nos investimentos".
Sobre as fortes perdas no mercado acionário, o presidente do banco central americano afirmou que os mercados globais estão "sob estresse extraordinário" e confirmou que a instituição busca meios para reduzir as pressões sobre o crédito e para estabilizar mercados "essenciais" da economia.
O presidente do Fed disse ainda que "os esforços contínuos para estabilizar os mercados financeiros são essenciais" e que a instabilidade dos mercados e as queda dos preços dos ativos "podem ter um impacto pesado na economia mais ampla, caso deixados sem controle".
Bernanke reconheceu que a inflação "tem estado elevada", mas ressalvou que a queda dos preços do petróleo, as expectativas estáveis quanto à inflação e a desaceleração da economia "devem levar a taxas de inflação mais consistentes com a estabilidade dos preços".
Referindo-se à crise financeira, o presidente do Fed disse acreditar que o setor privado deveria lidar por si mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo mercado, quando possível, mas que "naqueles casos quando a estabilidade financeira é ameaçara, intervenções para proteger o interesse público podem muito bem ser justificadas".
Comentando a recente legislação que permite ao Fed pagar juros sobre as reservas bancárias, Bernanke disse que essa ferramenta permitirá "um controle melhor sobre a taxa dos Fed Funds", por estabelecer um piso para ela. "Vamos começar a exercer essa autoridade nesta semana", acrescentou.
Sobre o programa do Departamento do Tesouro para comprar até US$ 700 bilhões em ativos problemáticos, Bernanke disse que o Tesouro "será um investidor paciente e provavelmente vai manter esses ativos por um período apreciável. Se o programa promover a estabilidade financeira, levando, em última instância, a um crescimento econômico mais forte e à criação de empregos, ele terá provado ser um bom investimento, para o benefício de todos".
Sobre as negociações para a aquisição do banco Wachovia, nas quais estão envolvidos o Citigroup e o Wells Fargo, o presidente do Fed disse que "em qualquer caso, o mais importante é que todos os depositantes e credores do Wachovia estão totalmente protegidos, e os depositantes e outros clientes não vão experimentar interrupções nos serviços bancários".