SÃO PAULO, 17 SET- O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou hoje que é possível modificar o tratado da hidroelétrica binacional de Itaipu e anunciou uma "reforma agrária de consenso" em seu país.
"Quem disse que não se pode mudar o tratado? O acordo pode ser alterado. Temos que abrir um debate e encontrar uma solução justa para a questão energética", declarou Lugo em entrevista coletiva, após se reunir com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Na noite de hoje, Lugo será recebido em Brasília pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar uma eventual revisão do Tratado de Itaipu e um reajuste nos preços de exportação do excedente de energia de seu país.
"Estamos abertos a um diálogo franco e sincero. Paraguai e Brasil dão inicio hoje a um novo estilo de relação. O Paraguai começou a planejar um novo país e queremos boas relações com todos, uma relação em que todos possam ganhar", declarou Lugo.
No encontro com Lula, Lugo deve propor também que o Paraguai tenha "livre disponibilidade" para seu excedente de energia. Assim, poderia vendê-lo a países terceiros, o que atualmente não é permitido pelo acordo. Em seu discurso na Fiesp, o ex-bispo afirmou: "Para que o Paraguai possa contribuir efetivamente com mais energia no Mercosul, deve-se rever as condições do tratado [de Itaipu], assinado em abril de 1973 durante duas ditaduras militares".
A respeito da reforma agrária em seu país, Lugo disse que está promovendo um consenso "com todos os setores", entre eles os brasiguaios — produtores agrícolas brasileiros radicados no Paraguai que se opõem à proposta.
"Mais que uma distribuição de terra, a reforma agrária pretende levar infra-estrutura e serviços básicos como educação, saúde e moradia às áreas rurais", disse Lugo.
"Queremos harmonizar os interesses dos grandes produtores com os dos pequenos agricultores", completou o presidente paraguaio, alegando que é necessário unir forças para alcançar o desenvolvimento desejável.
Empresários da Fiesp agendaram com o governo paraguaio uma visita a Assunção em novembro. No começo de 2009, está previsto um giro de industriais paraguaios pelas principais cidades do Brasil, para uma rodada de negócios.
(ANSA)