As imagens da TV boliviana mostraram o político opositor ao presidente Evo Morales sendo transportado ao aeroporto de Cobija, capital do Departamento, e embarcando em avião em direção à capital da Bolívia.
Desde sábado, o governo boliviano decretou a detenção do governador, apontando Fernández como conivente com a ação que, além dos mortos, feriu cerca de 100 pessoas, incluindo três brasileiros – a região é vizinha ao Acre. O número de vítimas pode ser ainda maior, já que muitos agricultores feridos escaparam pela selva e são dados como desaparecidos.
As forças militares bolivianas ocuparam a capital de Pando a partir da madrugada de domingo. Na segunda-feira, Fernández seguia na cidade e desafiou os militares a prendê-lo, passeando pela praça central e cumprimentando partidários.
Nesta amanhã de terça, porém, um contingente militar foi a sua casa e o escoltou até o avião que o levaria a La Paz. Os outros governadores alinhados com Fernández (mandatários dos Departamentos de Beni, Santa Cruz e Tarija) tentaram embarcar para Cobija para dar apóio ao colega, mas não conseguiram porque o aeroporto está ocupado desde sábado, em ação que acabou com dois mortos (um soldado e um opositor).
"É um processo de genocídio para Fernández. Ele desobedeceu ao estado de sítio que foi decretado seguindo a Constituição. A Justiça tem que zelar pelas vidas bolivianas, o que o governador não fez", afirmou o presidente Evo Morales, em entrevista coletiva no palácio Quemado, sede de governo, após voltar de Santiago (Chile), onde se reuniu na segunda com os outros nove mandatários sul-americanos.
Rodrigo Bertolotto – Enviado especial do UOL Em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia)