Na atualidade estima-se que 69,5 por cento da população das áreas rurais vive na pobreza, uma situação estendida por toda América Central como conseqüência, sobretudo, da alta concentração da terra em poucas mãos.
A isso se acrescenta a influência dos passados conflitos armados, as políticas neoliberais, os desastres naturais e mais recentemente a assinatura de um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos.
No caso Honduras o TLC beneficiou aos latifundiários, os pecuaristas e as transnacionais, mas os pequenos produtores ficaram ainda mais submersos na pobreza, disse o dirigente da Central Nacional de Trabalhadores do Campo (CNTC) Arístides Escobar.
“Nós como camponeses não temos os meios nem a infra-estrutura para produzir os alimentos para nossa população, muito menos para exportá-los”, explicou à Prensa Latina o também secretário de desenvolvimento empresarial e florestal da organização.
Devido às políticas impostas por organismos financeiros internacionais e a falta de uma visão de país dos diferentes governos, o setor camponês, as comunidades indígenas e afro hondurenhas atravessam uma grave situação.
A CNTC, que agrupa 597 associações e mais de 11 mil 500 famílias em 13 estados do país, tem suas esperanças postas na recente entrada de Honduras à ALBA.
“Estamos totalmente de acordo com a decisão do presidente Manuel Zelaya e a apoiamos porque achamos que com esta política estamos enfrentando aos monopólios e à oligarquia em benefício dos mais necessitados”, acrescentou Escobar.
Considerou que esse mecanismo de cooperação permitirá a entrega de créditos aos camponeses para criar a infra-estrutura de produção, como sistemas de irrigação, centros de colheita e facilitação do comércio a nível nacional e internacional.
O leque de oportunidades abriu quando a Venezuela anunciou os primeiros acordos com o novo membro da ALBA: a capitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Agrícola e a doação de 100 tratores para reativar a produção alimentar.
A isso se soma que de cada barril de petróleo vendido a um preço superior a 100 dólares fora dos convênios de cooperação, serão destinados cinco centavos de dólar aos projetos agrícolas e de segurança alimentar.
A iniciativa permitirá contar a fins de dezembro com um fundo de 450 milhões de dólares que estarão a disposição de pequenos e médios produtores dos países membros do mecanismo de integração.
De acordo com o presidente Zelaya, num mundo altamente competitivo e que exige novas respostas a velhos problemas, a ALBA é uma porta de esperança para os pobres de Honduras, América Central, Caribe e América Latina.
Carmen Esquivel Sarría, da Prensa Latina