A incursão militar promovida pelo governo colombiano em território equatoriano dia 1º de março, que culminou no assassinato de 17 pessoas (enquanto estavam dormindo), incluindo Raul Reyes, um dos comandantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), constitui um ato infame e uma grave ameaça à paz na América Latina. Merece, por conseqüência, o repúdio enérgico da classe trabalhadora, das forças progresistas da região, dos amantes da paz e defensores da soberanía nacional.
A exemplo do que ocorreu com a invasão do Iraque em 2003, justificada pela busca de armas de destruição em massa que na realidade não existiam, Álvaro Uribe Vélez, presidente da Colômbia, recorreu a mentiras descaradas ao tentar desculpar a violação da soberania e da integridade territorial do Equador. Alegou, sem exibir provas, que o grupo guerrilheiro que foi alvo da carnificina estava adquirindo tecnologia para produzir “bombas sujas” e insinuou que os governos da Venezuela e do Equador apoiavam o empreendimento.
Na realidade, a ação ilegal e criminosa teve outros objetivos. O líder revolucionário Raul Reyes estava ultimando as negociações visando a libertação de 11 prisioneiros das FARC, mas Uribe não quer a pacificação da Colômbia. Aposta na guerra e na provocação contra os governos progresistas e revolucionários da Venezuela e do Equador. Neste propósito insano conta com o total apoio do governo imperialista de George Bush. No rastro dos assassinatos não é difícil encontrar as impressões digitais do império, inscritas na tecnología usada nos bombardeios e nos atos de espionagem que precederam a chacina.
Esta não é a primeira agressão perpetrada pelo governo fascista de Uribe contra a soberania de nações fronteriças. A detenção de Rodrigo Granda (também dirigente das FARC) em Caracas, meses atrás, a progressiva infiltração de agentes colombianos e paramilitares nas principais cidades venezuelanas, bombardeios sistemáticos e fumigações com substâncias tóxicas nas fronteiras a pretexto de combater o cultivo de drogas, são fatos que, entre outros, evidenciam o caráter belicista do atual governo colombiano, animado pelo espírito fascista dos Planos Colômbia e Patriota, impostos pelos EUA.
Um dos objetivos centrais da dupla Bush/Uribe, dissimulado pela propaganda imperialista e pela mídia capitalista, é sabotar o processo de mudanças políticas em curso na América Latina, especialmente na Venezuela e no Equador. A este respeito, cumpre lembrar que o governo progresista do Equador, liderado pelo jovem economista Rafael Correa, tem uma clara orientação antiimperialista, traduziada, por exemplo, na decisão já declarada de não renovar o tratado que permite aos EUA manter uma base militar na cidade equatoriana de Manta e que expira no próximo ano.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) considera que as graves e lamentáveis ocorrências do dia 1º de março não configuram um problema bilateral entre Colômbia e Equador. São, antes, uma grave violação do direito à soberania e autodeterminação das nações, assim como uma provocação reacionária a serviço da política imperialista neocolonial dos EUA, uma ameaça à paz na América Latina, uma preocupação para todos os povos.
A classe trabalhadora não pode se dar ao luxo de ficar alheia a tais fatos. Ao mesmo tempo em que manifesta sua solidaridade aos governos do Equador e da Venezuela, ao povo e às forças democráticas e revolucionárias da Colômbia, a CTB conclama as centrais sindicais, os movimentos sociais e as organizações e personalidades progressistas do Brasil e da América Latina a ficar em estado de alerta, mobilizar, unir forças e cerrar fileiras na condenação altiva e ativa da carnificina comandada pelo mafioso Uribe com a cumplicidade ostensiva do governo Bush.
Por Wagner Gomes, presidente da CTB