Visão Classista: A juventude quer emprego

No campo e na cidade, o corte nos investimentos e a flexibilização dos direitos encolhem mercado de trabalho para jovens (Foto: Esquerda Diário)

A crise afeta a vida de todas as pessoas, mas atinge principalmente a juventude, as mulheres e os negros. O Brasil que já tem quase 14 milhões de desempregados e mais de seis milhões de subempregados vê as novas gerações sem muitas alternativas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 25,3% dos cidadãos entre 18 e 24 anos estão sem trabalho. E para piorar, quase 26% dos jovens nem trabalham, nem estudam.

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No campo e na cidade, o corte nos investimentos e a flexibilização dos direitos encolhem mercado de trabalho para jovens “A situação está piorando porque o governo golpista corta investimentos nas áreas sociais e afeta profundamente a juventude que fica sem perspectivas e está indo para o trabalho informal ou à mercê da criminalidade”, afirma Luiza Bezerra, secretária da Juventude Trabalhadora da CTB.

O estudo “Tendências Globais de Emprego para a Juventude 2017”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que 70,9 milhões de jovens estão desempregados no mundo, e a expectativa para este ano é que este número chegue a 71,1 milhões de desocupados na faixa etária dos 14 aos 29 anos. Ainda de acordo com o estudo da OIT, 77% destes jovens estão na informalidade, sem carteira assinada.

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“As perspectivas são sombrias, por isso, o movimento sindical deve se aproximar e trazer essa parcela significativa da população para dentro dos sindicatos, mostrando que essa é uma das formas mais eficazes de se derrotar o projeto neoliberal em marcha no país”, sintetiza a sindicalista.

Segundo a OIT, as mulheres são muito mais penalizadas com o desemprego. No mundo, a taxa de moças jovens que não está trabalhando, estudando nem recebendo treina – mento é de 34,4%, enquanto que este índice cai para 9,8% entre os homens jovens. Os números não são acalentadores.

Para Bezerra, no entanto, é importante que a educação pública esteja voltada para o desenvolvimento nacional autônomo e em consonância com as aspirações da juventude. “A reforma do ensino médio não contempla as necessidades da juventude trabalhadora porque privilegia o setor privado da educação e tira o sonho dos mais pobres de melhorar de vida pelo estudo”.

Juventude trabalhadora rural

No campo não é diferente. Como revela Marilene Faustino Pereira, secretária adjunta da Juventude Trabalhadora da CTB, a estrutura fundiária pautada no agronegócio emprega muito pouco devido à monocultura e à mecanização.

“A permanência dos jovens no meio rural depende de uma boa geração de renda, além de acesso à educação, à saúde, ao esporte, ao lazer e à cultura”. Além disso, a sindicalista aponta a falta de políticas públicas no campo.

“O que torna mais difícil atrair a juventude para permanecer no campo é a falta de políticas e investimentos na agricultura familiar, que propiciem boas condições de trabalho e de desenvolvimento para os mais jovens”.

Miséria em todo canto

Atualmente, 39% dos jovens nos países em desenvolvimento, o equivalente a 160 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, vivem abaixo da linha de pobreza, mesmo estando empregados.

“Eles têm ocupação, mas não ganham o suficiente para viver”, diz o pesquisador Vinícius Pinheiro, chefe do escritório da OIT, em Nova York. A secretária de Políticas Sociais da CTB, a sindicalista Vânia Marques Pinto, afirma que os índices vêm piorando com a crise econômica e se aprofundando com as medidas propostas pelo governo.

“Cresce a precarização do trabalho, a instabilidade no emprego e os contratos intermitentes e a terceirização ilimitada produzem subempregos e trabalhadoras e trabalhadores sem nenhuma garantia”, afirma.

Para ela, “o governo golpista abandonou as políticas públicas destinadas aos jovens e com isso a situação se deteriora, somando-se à ausência de estrutura das escolas, ao desemprego e à falta de perspectivas”.

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB


Matéria publicada na revista Visão Classista, número 22, de julho de 2018.

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