Documentos provam ajuda de EUA a Pinochet

Documentos divulgados esta semana mostram que, três anos antes do golpe no Chile, o então conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Henry Kissinger, já aconselhava o presidente Richard Nixon a derrubar o governo de Salvador Allende. “Esse modelo pode levar a um contágio (na região)”, argumentou Kissinger, segundo transcrições de telefonemas entre Nixon e seu assessor diplomático.

Esta semana completam-se 40 anos do golpe no Chile, quando o governo socialista deu lugar à ditadura comandada por Augusto Pinochet. A nova documentação foi obtida pelo National Security Archives, centro de pesquisa histórica ligado a Universidade George Washington, por meio de ações na Justiça americana para quebra de sigilo. Segundo a instituição, Kissinger foi o principal arquiteto da campanha da CIA e da diplomacia americana para levar à lona o governo da Unidade Popular.

Além da transcrição da conversa telefônica, foram liberados documentos que tratam das primeiras comunicações entre Kissinger e Nixon após a morte de Allende, em 1973. Na conversa, o assessor da Casa Branca – que passara a ocupar o cargo de secretário de Estado – afirma que Washington tinha “ajudado” no golpe. “Fizemos o máximo para criar as melhores condições”, diz Kissinger ao presidente.

Nixon, em seguida, reclama dos “liberais” na imprensa americana que estariam criticando a queda da democracia no Chile. Em resposta, Kissinger afirma: “No período (do presidente Dwight) Eisenhower, nós seríamos heróis”.

Os documentos recém-divulgados mostram ainda que, como assessor de Segurança Nacional e secretário de Estado, Kissinger buscou impedir que Washington adotasse uma estratégia de convivência com Allende e aceitasse o governo da Unidade Popular. Segundo o National Security Archives, o assessor presidencial discordou de figuras da diplomacia americana que pediam que os EUA trabalhassem para criar uma convivência com Allende e os socialistas chilenos.

“O Departamento de Estado é feito de pessoas que têm vocação para a pregação. Como não há igrejas suficientes para eles, eles vêm ao Departamento de Estado”, afirmou Kissinger ao primeiro ministro das Relações Exteriores do regime Pinochet, Patricio Carvajal. O assessor da Casa Branca reclamava que seus colegas estavam demasiadamente interessados em questões de direitos humanos. 

Fonte: Estadão

 

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