Temer vai bancar a caloteira no Trabalho?

Na segunda-feira (8), o juiz Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ), suspendeu a nomeação e a cerimônia de posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) como nova ministra do Trabalho do covil golpista de Michel Temer. Ele alegou que a escolha da parlamentar desrespeita a moralidade administrativa. Lembrou que a filha de “Bob” Jefferson, que não nega a origem, já foi condenada pela Justiça do Trabalho por não pagar os direitos trabalhistas para dois motoristas. O juiz ainda estabeleceu multa de R$ 500 mil pelo descumprimento da sentença. De imediato, o governo ilegítimo acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para questionar a legitimidade da decisão, argumentando que ela fere a autonomia dos poderes.

Mas será que o usurpador Michel Temer, já tão rejeitado pela sociedade, vai bancar a caloteira do Ministério no Trabalho? Desde o anúncio da sua nomeação não param de surgir denúncias contra Cristiane Brasil. Além de sacanear os motoristas – que tinham jornadas superiores a 12 horas e não recebiam horas extras, férias e 13º salário –, agora veio à tona a informação de que em 2016 a deputada protocolou um projeto de lei para impedir que a Justiça do Trabalho use bens de sócios de empresas falidas para pagar dívidas trabalhistas. Na justificativa do PL-5646, ela argumenta que “os trabalhadores são a força motriz da economia”, mas são “as empresas os meios que habilitam esta força a operar”. Para a deputada, ao bloquear os bens dos sócios, a Justiça “desestimula a criação de novas empresas”. Baita trabalhista que Michel Temer escolheu para comandar o Ministério do Trabalho!

Além de caloteira, Cristiane Brasil também é acusada de ser corrupta – como o pai chorão e orgulhoso. Os delatores da Odebrecht denunciaram aos procuradores da midiática Lava-Jato que ela garfou R$ 200 mil no Caixa-2 durante seu período como vereadora. Já nesta terça-feira (9), o jornal O Globo revela que “a deputada federal se hospedou no hotel da Força Aérea Brasileira na ilha de Fernando de Noronha (PE), durante o réveillon. O local, mantido com verba pública, é reservado a autoridades como o presidente de República e militares. Por meio de nota, a FAB informou que Cristiane Brasil enviou solicitação ao Comando da Aeronáutica sobre a possibilidade de hospedagem no hotel de Trânsito de Fernando de Noronha e que ‘o pedido foi atendido, pois havia disponibilidade de vaga’. Comunicou, porém, que ela viajou até a ilha por contra própria”. Em tom de ironia, o jornal lembra que “Fernando de Noronha é um dos destinos mais concorridos e caros durante as festa de fim de ano com pacotes que podem superar R$ 35 mil. Entre os famosos que também escolheram a ilha como destino estão a atriz Bruna Marquezine e o jogador Neymar”.

Já a Folha informa que “caso Cristiane Brasil seja impedida de assumir o cargo por outras decisões judiciais, a equipe do presidente avalia que seria melhor ele indicar outro nome, para não criar um novo desgaste na imagem do governo. O principal cotado é o deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS), que em 2009 causou polêmica ao dizer que estava ‘se lixando para a opinião pública’”. Como se observa, o covil golpista virou uma autêntica suruba. Sobre este cenário patético, vale conferir o artigo de André Singer, publicado na Folha no sábado (6), antes das novas denúncias contra a “sinistra” do Trabalho.

Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

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