Não basta demitir Vélez, tem que valorizar a educação pública

Por Francisca Pereira da Rocha Seixas

Finalmente, depois de contratempos, o presidente Jair Bolsonaro demitiu, via redes sociais, Ricardo Vélez Rodríguez à frente do Ministério da Educação (MEC), indicado pelo astrólogo, metido a filósofo nazista, Olavo de Carvalho. O colombiano naturalizado brasileiro colecionou polêmicas por tornar públicas propostas torpes como obrigar e filmar crianças perfiladas cantando o Hino Nacional e enviassem esses vídeos ao MEC.

Chegou a ter o desplante ainda de dizer que iria mudar os livros didáticos para mudar o tratamento dispensado ao golpe de 1964. Mas o pior dentre tudo isso, foi Vélez se mostrar despreparado para o cargo e sem nenhum conhecimento sobre educação brasileira, como ficou claro em uma audiência pública no dia 27 de março, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Nesse mesmo dia, jornalista Eliane Cantanhêde, da GloboNews, anunciou ao vivo a demissão do titular do MEC. Foi desmentida por Bolsonaro que disse sofrer, logo ele, com “fake news diárias como esse caso da ‘demissão’ do ministro Vélez”.

Dias depois ele confirma Cantanhêde. Bolsonaro informou também que o novo ministro será Abraham Weintraub porque ele “é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta”, afirma o presidente. Ligado a Onyx Lorenzoni, Weintraub atuava como secretário-executivo da Casa Civil.

Mais um nome para aplacar a gritaria do mercado em defesa dos interesses dos barões da educação. Isso porque Vélez se mostrou inconsistente e despreparado. Conseguiu desagradar a gregos e troianos. A situação do ex-ministro era insustentável, mas precisamos estar atentos e fortes para lutar pela valorização da educação pública. O movimento educacional vem se mobilizando desde o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff em 2016 para organizar a resistência ao desmonte da Constituição, tirando as responsabilidades do Estado sobre a educação.

Com Bolsonaro, a situação degringolou porque privilegiam a educação dos ricos em detrimento dos mais pobres. Querem liquidar com a educação pública e amordaçar as professoras e professores para impedir o desenvolvimento pleno da liberdade de cátedra. A valorização da educação com liberdade é essencial para o avanço civilizacional de qualquer país.

Francisca Pereira da Rocha Seixas é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da APEOESP e Secretária de Saúde dos/as em Educação da CNTE

 

 

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